quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

PAPEL

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Papel, sou eu assim branco e vazio a esperar tua mão
Tocando o silêncio dessa solidão
Que precisa de poesia para libertar...

E o céu, é tão pequeno em sua imensidão
Para caber toda ausência que meu coração
Não passa um só dia sem desaguar...

Eu sei, que tudo um dia vai desaparecer
Que as coisas quando nascem tendem a morrer
E apenas um poema pode eternizar...

Eu vou voar com suas asas sem me fatigar
Sem nunca encontrar um ninho para descansar
Sou realidade branca para preencher

Não vou temer nenhuma dor que me aparecer
Aquilo que é vazio vai me preencher
Dessas palavras que nunca vão me abandonar...

Então, ponho asas nessa poesia que me escolheu.
E sigo esse caminho que não é só meu
Quem tem o verso como sina nunca vai pousar...

Eu sou papel querendo mais compreensão
Espaço para partilhar coisas que a razão
Enlouqueceu tentando entender...

Papel, sou assim roto e borrado a vagar no ar...
Procurando a singeleza de um honesto olhar
A terra de um coração igual adormecer...
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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

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Aprendi a levar nas costas as minhas necessidades

Eu não sei mais como é uma vida sem peso

Sou um retirante que em meio ao caos urbano

Desenvolveu a habilidade dos que não aceitam errar

Saio todo dia como se fosse possível nunca mais voltar

Sei que isso um dia será uma realidade…

Mas nesse dia não quero estar desprevenido

Quero ter nessa mala que transporto o que eu precisar…

Dizem que um dia sentirei a consequecia de carregar tudo comigo

Mas não sabem os que vivem sem pesar

Que aquele que carrega o mundo nas costas

Cria corpo forte para suportar tudo

(EWERTTON NUNES)
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Folha em vento forte

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Era pela tarde quando a natureza me agrediu com delicadeza
Tocou o meu corpo, na altura do peito, sem intenção...
Nunca pensei que uma folha em vento forte pudesse causar dor, por menor que ela seja...
Percebi com esse acaso que toda beleza pode ser agressiva
O que serve para causar êxtase, quando levada por forças mais intensas... Consegue ferir
É de uma surpresa mística o golpe da natureza
Mas é bom que nos chegue assim
Serve para que não subestimemos a suavidade do que parece sempre bom e frágil
Tudo possui o seu lado hostil, mesmo uma folha que cai de árvore
Eu penso que, algumas vezes, sou como essas heranças do outono
Desprendo-me dos galhos que me suspendem para surpreender alguém
Às vezes é bom que nos conduza o vento...
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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PEQUENAS MÃOS

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Fui fazer uma nova visita ao mar
Ele estava revolto...
Como se algo tivesse tirado a calmaria que encanta
Tentei suavizá-lo com as minhas mãos
Pequenas mãos tentando tocar o intocável...
Modificar a imensidão
Os ventos eram o desabafo do mar




Que puxava com agressividade toda a areia
Como quem machuca a própria pele com suas unhas




E empurrava as ondas que traziam instabilidade aos meus passos




Naquele dia, eu era cúmplice do mar
Compreendia plenamente as suas contrações involuntárias
A inquestionável diferença entre as nossas naturezas
E as despretensiosas semelhanças entre nós dois




Queria ser como ele...




É que o mar é ancestral
Aprendeu a ir e vir, a se equilibrar, a invadir...
Eu sou recém chegado e não demoro muito a partir
Queria ser assim...




Uma porção de coisas pequenas que juntas formam algo tão sem controle




E mesmo isoladas não se pode de fato tocar




É mais para ser tocado... O mar é para ser sentido




Essa imensidão de água é a única coisa realmente livre




Não há quem consiga enfrentar sem medo




Gosto do temor que o mar impõe a todos




Ser tão desejado e ao mesmo ditar limites




Nunca tive tanta intimidade com o mar como agora




Esse é um encontro que demorou a acontecer




Talvez porque eu seja oriundo da terra




E sobre ela me sinto dominador




Mas o mar e eu temos em comum quem nos governe




A lua... É ela que nos rege




A lua é que altera tudo em nós...




O mar é dos mistérios o mais respeitado
Eu que não possuo mistério algum, vou tentando ober um respeito mínimo
Sei que não posso influenciar as águas que criam os mares

Conheço a fragilidade do meu corpo perante um mar inteiro
Mas ainda acredito que existe uma força aqui dentro




Que pode acalmar o que se revolta




Capaz de tranquilizar águas que nunca tiveram sossego
Há dentro de mim um domador de marés
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sábado, 26 de novembro de 2011

SERENA SERENATA

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Menina serena com olhar de estrelas
Teu corpo flutua suave sobre a dor
Carrega uma flor branca em teu peito
Nos olhos fechados o sonho profundo do amor

Como uma serenata que toca os ouvidos
Cantada como um pedido de vida ao luar
Da janela se sente suspiros contidos
Que o peito sereno não deixa soprar

As palavras de encanto que tanto esperas
São vozes noturnas te fazes dormir
Uma serenata de amor depois de aberta
Só encontra sentido se os sentidos sentir

Menina pequena, coração de serenata
Tua dor navegas até ancorar
A flor que levou contigo no peito
É rosa tão bela flutuando no mar...
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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

CRUALMA

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Sou essa carne crua
Que cheira à essência mais primitiva
Ainda que me fervam...
Que queimem os meus sentidos...
Permaneço cru, no meu estado mais humano
Enquanto todos se veem encobertos por falsas verdades
Invenções daquilo que gostariam de viver
Eu me mantenho nu e cru
Afinal, verdade que se veste é mentira
Crueza que se frita deixa de ser orgânica, visceral, epidérmica...
Eu sou cru e por vezes me pinto de crueldade
Mas essa pintura sim, eu crio, ao meu mais despótico sabor
Bom brincar de ser bandido
Embora ser mocinho é uma sina que não satisfaça a minha realidade
Às vezes confundem por tristeza o que não é...
Sou cru e a minha tristeza está muito abaixo disso
Enterrada numa camada dos meus olhos
Que somente profundos abalos sísmicos d`alma podem emergir à superfície
Eu venho tentando me aquecer e virar outra coisa
Mais adequada a todos os paladares...
Mas não tem sido fácil
Para me devorar somente os de estômago forte e digestão lenta
Sou carne viva, crua, com sangue ainda jorrando...
Coisa que a civilização não põe mais à mesa
Devora-me quem ainda sente a fome pura
Com caninos fortes e pontiagudos
Para quem se mantém com instinto de vida
Essa “crualma” que nunca vai se modificar.
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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

QUANDO A REALIDADE TROCA DE NOME

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Basta somente sentar a realidade em frente a um espelho
E adornar a sua desgastada aparência com um vestido florido
Colocar-lhe nos cabelos uma flor
Talvez um girassol grande e amarelo
Isso depois de escová-los com carícias e afagos
Em seu colo um colar de pérolas brancas
Na face um pouco de cor para suprimir a palidez
Basta realçar de beleza a realidade
E ela ganha novo nome...
Passa a se chamar POESIA.
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VOZES ANCESTRAIS

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Não consigo parar de pensar...
Devoro minhas unhas por não conseguir devorar cada pensamento
Sinto-me preso numa "esquisofrenia" que não me enlouquece
Mas tranquiliza a realidade
Ter o coração de poeta é ter alma assombrada
Ouvir vozes que pedem o tempo todo para ganhar escrita
E o pior são as nossas várias vozes falando ao mesmo tempo
Ininterruptamente fazendo apelos de liberdade
Que poucos olhos lerão com gentileza
Ou ouvirão com fraternidade
Por vezes essas vozes me despertam a noite
E não se aquietam enquanto eu não lhes dou espaço para ser
Ando pelas ruas e me ouço o tempo todo dizendo, por dentro, coisas que não sei de onde surgem
O mais estranho é saber que existem lugares em mim que nunca saberei chegar
Vozes ancestrais que são minhas, sempre foram... Perduraram até agora
Essa coisa que é tão minha sente necessidade de ser de todo mundo
Trago dentro de mim fantasmas que apelam por atenção
Existe nas coisas invisíveis que me movem
As vozes de todas as minhas pessoas que habitam em algum lugar da minha cabeça.

(EWERTTON NUNES)
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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

CORAÇÃO TRANQUILO COMO O AMANHECER

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Gosto quando o meu coração está assim...
Aconchegado entre as sensações mais leves que repousam dentro de mim
Gosto de sentir o meu sangue correndo sem pressa
Quase que valsando por minhas veias
Que agora são mais verdes ainda... Porque há mais vida circulando aqui
Eu gostaria que essa sensação de ausência permanecesse comigo
Sem surpresas que venham afugentá-las
A ideia de abandonar o que me faz mal é realmente renovadora
Quero ser preservado assim...
Não deixe que nada chegue para me retirar essa paz de amanhecer
O amor se torna ainda mais doce assim
O desejo de eternidade é uma ilusão que acreditamos ainda mais
Abdicar de si, se transformar no mais belo abandono que possamos fazer
Passamos a ser uma oferenda jogada ao mar
Esperando mais graças para o nosso caminho
Como é bom sentir a cadência mais tranquila do nosso coração
Na verdade, o simples fato de ouvir o coração já vale tudo
Eu havia esquecido como era a sua voz
Mas agora que me tornei uma morada mais tranquila para ele
Ouço o reverberar das canções apaixonadas que cantarola por todo o dia
Agora é hora de acariciá-lo com as melhores lembranças que trago hoje
Para que adormeça sereno... Em sono tranquilo de liberdades
Cuida do meu coração, não deixe que nada o incomode
Afinal,ele agora adormece pensando em você.
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sábado, 12 de novembro de 2011

OS LIMITES DO MUNDO... OS LIMITES DE NÓS

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Quando um homem viaja descobre as
reais proporções do seu corpo

É preciso ir longe para se ter a
dimensão da capacidade real das
nossas pernas

Sair pelo mundo é ter a possibilidade
de entender os nossos limites

Limites que estão dentro e fora de
nós

Estar no mundo não significa
necessariamente pertencer a esse
mundo

É preciso ter avidez, fome de
descobertas, ânsia de viver para
devorar algo tão grande assim...

Quando vamos por aí, percebemos o
quanto o homem andou e o mundo
permaneceu em seu lugar

Entre paisagens humanas e naturais
vamos vendo o melhor e o pior da
natureza

Aquela que adorna o entorno de nós
e fascina pela sublime ideia de Deus...

A que habita em todo o ser
humano, independente da língua,
credo ou cultura...

Essa, ainda que se passem os anos,
nos causa assombro

Desacreditando que exista a
presença divina na essência dos
homens

De tudo, monumentos à memória do
que se foi...

Para tudo, a perspectiva do que virá

Gira o mundo e nós giramos juntos

Procurando trazer a imensidão desse
universo

Nessa captura tão fugaz e singela do
nosso olhar...

(EWERTTON NUNES)
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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ANDANÇA MUDA - MUDANÇA

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Nenhuma mudança acontece somente fora de nós
A vida é que define a hora de mudar...
Eu lembro dos caminhões nos levando de uma vida para outra
Mesmo quando criança tinha a intuição de que nada seria igual
Recomeçar quando a vida está no início é sempre bom
Afinal, tudo o que nasce em um novo lugar é deslumbramento
Hoje, mudar traz uma sensação muito mais crônica
Os caminhões pouco dizem sobre o destino
Mudança pode ser apenas uma andança muda
A busca por uma nova voz que substitua a que não nos serve tanto
Lembro da vez que mudamos após um incendio
Minhas irmãs, ainda pequenas, puseram fogo na casa onde morávamos
Foi o medo delas que nos fez partir...
Às vezes mudanças também nascem de urgências
Dos riscos que corremos ao permanecer no lugar
Mudar é uma violência necessária à evolução
Ainda que essa mudança aconteça inteiramente dentro de nós
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sábado, 5 de novembro de 2011

KATHAZRINA - A ARQUITETA DOS SONHOS

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-O tempo está passando para mim... Essa caverna escura parece não ter saídas. Tenho a sensação que estou nela há dias. Sei que me foi dito que não posso transitar na cidade dos sonhos, até que tudo esteja em equilíbrio... Mas eu sinto que ficar aqui parado é ainda pior, e a minha intuição costuma me levar à verdade de tudo. Eu percebo agora que ter olhos não nos impede a cegueira, não enxergar é mais um estado da alma.




Nesse instante em que falava comigo em pensamentos, a "Agatha", pedra que herdei do grande "Capricórnio Dourado" começou a brilhar. Era como se ela quisesse me mostrar alguma coisa que eu não enxergava naquela total falta de luz... Uma imagem aparecia nela, uma espécie de olho gato me atraia, e eu enconstei a face para olhar mais de perto... Por entre a pedra, a escuridão não existia, eu podia ver a caverna como se a luz do sol adentrasse plenamente o seu interior... Resolvi, então, seguir a minha intuição e encontrar uma saída daquele lugar. Com a "Ágatha" assumindo a função da minha visão, andei por horas. Tinha no peito uma sensação angustiante... Uma premonição de que algo podia estar muito errado, era como se logo mais, eu fosse ter uma suspresa que me traria imensa tristeza.





Eu sabia que um "menino-gente" como eu, não poderia passar tanto tempo na cidade dos sonhos... Que minha presença poderia trazer muita desordem e caos a tudo. Ainda mais que o meu ingresso, desta vez, não se deu de forma tranquila, foi o pesadelo que me fez chegar aqui. Eu precisava voltar para o meu mundo, mas eu sabia que abandonar algo que se ama, sem ter certeza que isso é o mais seguro, pode acarretar numa viagem sem retorno. Eu precisaria ter certeza de que poderia voltar a sonhar, afinal, eu estava crescendo e logo os piores sentimentos do mundo seriam evidentes em mim. Crescer é se contaminar do bem e do mau, e na cidade dos sonhos não há acesso o que é predominantemente feito de maldade.




Eu comecei a ouvir algo passando de forma rápida por cima de mim, tentei visualizar, mas não deu tempo. Seja lá o que aquilo fosse, passava rápido pelas paredes, eu ouvia um ruído que me trazia muitas dúvidas, não podia identificar ao certo do que se tratava. E não há nada mais assustador do que a dúvida no escuro. Alias a dúvida é irmã da escuridão e as suas juntas são curéis para uma alma que não gosta de ter medo. Quando senti um vulto passar atrás de mim, virei abruptamente e ele estava lá... Um grande escorpião, com cor avermelhada e passos lentos. Ele vinha em minha direção e eu recuava com muito medo. O meu medo fez a pedra "Ágatha" se transformar num gato branco que saltou do meu pescoço em minha defesa...




- Calma, menino-gente! - A voz daquele escorpião vinha sem som, era como se ele dominasse os meus pensamentos.



- Você sabe quem eu sou?



- Claro que eu sei... Todo mundo na cidade dos sonhos sabe. Fui eu que criei o seu pesadelo. Eu consigo sentir o seu coração, ainda que esteja no seu mundo de gente. E senti que você tem muitas dúvidas dentro de você... Dormir com dúvidas é deixar a porta aberta para os pesadelos entrarem.



- Eu não queria sentir isso...



- Eu sei, ninguém escolhe a dúvida, ela é implantada. Mas fique tranquilo, eu te trouxe aqui para que você retire-a de dentro de você. Pode recolher o seu gato.


Quando eu confiei na palavra dele, o gato voltou ao meu pescoço e se transformou novamente na "Ágatha". E eu logo quis saber:



- Como você pode fazer isso?



- Eu posso te picar, e logo não haverá mais nada que incomode o seu coração. Eu te farei esquecer o que te aflige.



- Mas esquecer não garante que a dúvida ainda não esteja lá, não é mesmo?



- Não garante, mas ameniza... E tem a vantagem de que eu te mandarei de volta para o seu mundo, num sono tranquilo.



- Não quero esquecer o que me aflige, eu quero respostas. Somente a verdade acaba com a dúvida.



- E qual a verdade que você quer?



- Depois que eu crescer, poderei voltar a cidade dos sonhos?



- Sonhar não é tão simples como se pensa... Ainda mais para quem cresce...



- Qual a resposta?



- Seria preciso que construísse uma morada segura nos sonhos, onde nenhum sentimento ruim tivesse voz, com paredes impenetráveis... Mas essa casa tem que ser erguida ainda com o coração puro.



- E como eu posso construir?

- Para quê ficar por aqui? Você não pode abandonar a sua natureza de gente...

- Um escorpião pode abandonar a sua natureza de escorpião?

- Natureza é natureza...

- Se é natureza, então, é adaptável.

- Escuta, menino-gente... Eu posso te encaminhar para alguém que vai te ajudar a construir o que precisa, porém, tem que confiar em mim. Você confia? Terei que picar você e o meu veneno te levará a outro estágio do sono, lá estará quem pode te ajudar.

- Você seria capaz de me machucar?

- Não há mudança sem dor, menino.

- Eu vou entregar meu coração e acreditar em você... Mesmo que eu esteja sendo engando, saberei que a minha parte eu fiz.

A mim só restava confiar... Eu ainda depositava crenças na natureza das criaturas, apesar de muitas vezes perceber que as criaturas não acreditam em suas próprias naturezas. Eu pensava que aquele escorpião entenderia a importância das minhas dúvidas e que respeitaria o meu desejo de permacer sonhando, ainda que o tempo tentasse destruir essa possibilidade. Fechei os olhos, ele aproximou de mim o seu ferrão e disse:




- A dose total do meu veneno poderia te levar para uma dimensão sem retorno, um lugar que o sonho é a ilusão do próprio sonho. Mas eu vou colocar no seu pequeno corpo uma pequena fração do meu veneno... O suficiente para que o seu insconsciente não sofra danos nessa transição de universos paralelos. Você não pode estar de olhos abertos quando estiver fazendo a sua passagem. O que vou depositar no seu sangue retirará a sua curiosidade humana, os seus pensamentos serão suspensos por alguns "segundos-horas". Te levarei a um estágio onde sonho e pesadelo encontram o equilíbrio fundamental para quem quer fixar algo no infinito. Preparado?


- Eu nunca estarei preparado... Mas pode fazer o que é preciso.


Nesse instante eu fechei os olhos e senti uma picada no centro da minha cabeça. A última sensação que tive, foi a do meu corpo caindo sobre aquele escorpião.


(VAZIO)


Quando recobrei a consciência estava no meio do mar, mas era um mar de águas brancas. Eu flutuava nas costas do escorpião, tinha o corpo molhado e a sensação de ter dormido por horas sem interrupção.


- Eu não sabia que escorpiões resistiam a àgua.


- Esse é o nosso elemento maior. Eu preciso que você saiba de uma coisa... A partir do momento que piquei você, passou a circular em suas veias o ciúme, ainda em doses mínimas. O crescimento desse mau que depositei em você, vai depender da capacidade de domínio do seu olhar... Se o ciúme se tornar maior do que a sua capacidade de amar, tudo na cidade dos sonhos se fechará para você. Um sentimento como esse, infiltrado no corpo de um "menino-gente", pode inclusive fazer toda a 2cidade dos sonhos" desaparecer.


- Por que não me disse isso antes?


- Eu não posso revelar todas as minhas limitações, infelizmente, o bem que eu possa fazer sempre virá com um pequeno mal aprisionado nele. Eu fui enviado por Apolo para matar Órion, por ciúmes da relação deste com sua irmã Ártemis. Por isso, o ciúme ainda hoje afasta as estrelas do céu, talvez, você que partilha agora comigo desse sentimento, consiga o perdão das constelações para mim.


- Não sei como cativar estrelas, mas o farei quando o céu se aproximar de mim.


- Na praia encontrará as respostas que precisa. Eu tenho que voltar para a escuridão.


E assim voltou para as profundezas daquele mar branco. E eu percebi que aquela água tinha a superfície tão rija que era possível andar sobre ela, uma película branca que me lembrava nata de leite. Ela suportava o meu peso, assim, fui até a praia. Tudo era alvo: as árvores, o horizontes, a luz que surgia por entre as nuvens... Logo vi passar um pequeno homem branco, carregando uma pedra de tamanho irreal para as medidas do seu corpo.


- Com licença...


- Colecionador de pedras, é isso que sou. Você deve ser o menino com olhos de poema, acertei?


- É o que dizem... Como sabe?


- Pela pedra que tens no pescoço. A "Ágatha" só poderia ser entregue a ele. Todos sabem disso.


- Todos sabem? Como pode ser?


- A cidade dos sonhos não é como a vida no seu mundo, as coisas que acontecem por aqui já foram escritas. Apesar de vocês "homens-gente" acreditarem no destino, não há livro onde se possa ler o que já foi traçado. Aqui na dimensão do sonho, tudo o que vai acontecer já está preso no "Livro Maior".


- Quer dizer que se eu tiver acesso a esse "livro Maior", poderei saber se permanecerei por aqui quando crescer?


- Possivelmente. Mas o acesso ao livro só é permitido a quem tem morada definitiva nos sonhos.


- É por isso que estou aqui, preciso encontrar uma forma de construir essa morada.


- Procure Kathazrina, "Arquiteta dos Sonhos"... É ela quem transformar pedras em "sonho-realidade".


- Onde a encontro?


- Siga a praia... Vai encontrar. Kathazrina adora o mar, tanto que construiu o seu mundo particular à margem das águas.


- Antes que eu prossiga, posso fazer uma pergunta?


- Sim.


- Como consegue levar uma pedra tão pesada como se ela fosse feita de ar?


- A gente aprende a dominar o peso das coisas, menino. De tanto carregar pesares, aquilo que parece impossível se transforma... Tá vendo essa pequena pedra? Segure-a.


Eu a segurei. A pedra que cabia na palma da minha mão, me fez tombar, como se tivesse dezenas de quilos. O "Colecionador de Pedras" retirou-a de mim antes que ela me esmagasse os dedos, ele sorria da minha fraqueza.


- Desculpa o meu riso, é que acho engraçado a fraqueza, pensei que sendo "homem-gente" fosse mais forte. Percebe? Peso é tão relativo quanto a forma. Eu comecei carregando pequenas pedras e as achava impossíveis... Hoje me encantam as coisas mais duras, as mais pesadas... Elas fazem uma pequena pedra ser insignificante. Apresse-se! Se o sol se esconder não encontrará mais a "Arquiteta dos Sonhos" à margem da praia.


Precipitei-me à partir.


- Só mais uma coisa... Saiba que o mar lapida as pedras, e o mar é feito de água apenas... Use a sabedoria do mar se quiser transformar as pedras. Sabe o motivo de eu colecioná-las? As pedras sabem mais sobre o tempo, sobre a resistência... Cada pedra tem um segredo a revelar, elas resistem ao tempo físico, ao tempo imaterial, ao tempo fantasia... Eu quero aprender com as pedras o segredo para fazer as coisas durarem para sempre.


E assim colocou sobre os ombros a sua enorme pedra e partiu. Eu prossegui ao longo da praia branca. Parecia difícil encontrar naquela paisagem de ausência, algum contraste que me desse indício de estar diante do que eu procurava. O meu pensamento estava totalmente errado. Ao longe eu via vultos coloridos que me lembravam a aurora boreal, quando me aproximei, percebi que o fenômeno de rara beleza era outro. Não era a aurora e sim a aura de uma bela mulher, que se desprendia do corpo enquanto ela dançava feliz na areia branca. Os movimentos que realizava esculpiam desenhos no espaço, era como se conseguisse reger as cores. Ela ia construindo matéria com as colorações luminosas que emanava, e em pouco tempo onde não havia nada, ela fez emergir uma torre. Eu não me contive e aplaudi o monumento que se ergueu do invisível.


- Obrigada.


Disse com uma voz meiga, tão doce que mais parecia vir de uma menina da minha idade... Mas eu via que aquela beleza, feita de cores que não foram descobertas ainda, era de uma mulher. Eu não podia conter o deslumbramento diante de uma essência tão completa e inacreditável.


- Desculpa... Eu não gosto de interromper a espontaneidade de ninguém.


- Não se preocupe, o mar impede qua a minha inspiração se esgote. E o que eu estou construindo agora é para apreciar o por-do-sol. Do alto é ainda mais emocionante se despedir do dia.


Eu fiquei mudo. Havia algo na aura dela que era muito intimidador, era como se olhando para ela, eu me visse refletido num espelho. Ela era eu fora de mim, só que muito mais colorido. Percebendo a minha falta de jeito, perguntou:


- O que procura?


- Você. É a "Arquiteta dos Sonhos", não é?


- Prefiro que me chame pelo nome, Kathazrina e não pelo que faço. O que faço é consequência do que sou e o que sou independe...


- Eu sou...


- Eu sei quem você é. A gente reconhece os amigos, não é assim que dizem os que sentem poesia?


- Isso.


- Não pensei que fosse te ver tão cedo.


- É que as minhas inquietações chegaram muito rápido, tenho uma alma precoce... Desde que comecei a reconhecer o mundo que não paro um segundo de querer respostas.


- E que resposta eu posso te dar?


- Não quero que me dê... Quero que construa. Preciso permanecer na cidade dos sonhos, ainda que o tempo passe. Estou crescendo e longe daqui, talvez, eu não consiga sobreviver.


- Eu entendo a sua aflição, consigo captar as cores das suas várias dúvidas. Mas não se constrói casa segura em lugar algum, mesmo nos sonhos, sobre dúvidas. O seu alicerce deve ser outro.


- Você pode construir para mim?


- Posso. Farei isso com uma satisfação sem preço, porém, só posso construir quando você encontrar todos os materias que precisa para que a sua morada se erga. Eles devem ser trazidos por você.


- Eu não entendo...


- Você só traz aí dentro o desejo, a dúvida e eu vejo até um ciúme com potencial destrutivo. Não são o suficiente... Sei que existe muito amor e poesia aí também, mas preciso que os materialize, que os transforme em pedras. E as pedras eu transformarei em sonhos, no seu maior sonho.


- E como posso fazer isso?


- A "Ágatha" que traz no seu peito já é a materialização da coragem. Eu poderia construir com essa coragem as portas da sua casa, mas e o resto? Aproveite que tem a coragem aí no peito e siga em busca das outras pedras. Saia em busca de substituir tudo o que trouxe aí dentro e não serve, pelas coisas que realmente importam.


Com um movimento de mão, ela fez surgir uma pedra branca.


- Toma... Essa pedra é a minha colaboração nessa construção, te dou como presente. "O coração de Paloma", é a pedra que vai manter a paz sempre ao seu alcance. Com as duas pedras que agora tem: a coragem e a paz, tenho certeza que logo me trará pronta a sua permanência na dimensão dos sonhos.


- E se eu não conseguir?


- Viu quanta dúvida existe em sua alma? Apenas vá... Vá... (PAUSA) O sol está indo embora, e eu preciso me despedir dele e partir. Você acha que o sol tem dúvidas?


- Acho que não, se as tivesse ele não voltaria no dia seguinte.



- Então... Apenas vá... A praia é sempre a melhor forma de encontrar as respostas.


E assim, subiu na torre. Eu prossegui olhando os meus passos se firmarem na areia. Mesmo distante ainda avistava a Torre erguida pela "Arquiteta dos Sonhos"... Ela estava debruçada lá em cima, apreciando o sol partir. Kathazrina era um ponto de vida no meio de uma imensidão sem cor.






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Uma homenagem singela à minha CATARINA ANDRADE. Mulher linda, no sentido mais completo que a beleza possui. Sei o quando a praia possui poesia para você, por isso, o seu lugar na minha poesia não poderia ser outro. BJO!!!!!!!!!!























































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DOMADOR DE TEMPESTADES

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Sinto que o tempo vai mudar...
Essa sensação de chuva que o vento traz, não consegue enganar os sensíveis
Mas sinto nesse sopro que me toca a pele, um frescor de chegada
Talvez o retorno da minha alegria...
Estou precisando dos conselhos da chuva
Que sempre me fez tão bem ao cair...
Dentro de horas o céu vai abrir, eu sinto isso...
Sinto com o completo de mim
Com o avesso da carne, com o sangue...
Vai abrir ainda que chegue o dilúvio
E vai ser bom estar num espaço onde só caibam dois
Ilhados em beijos, afagos, carícias de saudade
Renovados de certezas e esquecidos do que passou...
Eu sinto que o tempo fora de mim será fechado
Enquanto eu começo a me abrir para o que há de chegar logo
Há quatorze dias que chove sem parar dentro de mim
É tempo de sol... De clarear o quarto com a luz que vem do espirito
É tempo de dominar as tempestades.
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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A SAUDADE QUE CAI DE CIMA...

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Ewertton Nunes
Saudade vem como a chuva
De repente chega e pode durar dias...
Os pensamentos mais quentes se escondem no mais alto dos olhos
Por detrás da retina, deixando nublado o nosso olhar...
As nuvens que se formam no alto das nossas memórias
... Ficam carregadas de tantas sensações que o corpo não controla
É dificil enxergar a estrada em dias de saudade
O mais seguro é esperar e deixar que caiam as lágrimas
Para que temporariamente o sol venha tímido
Ainda que a garoa seja sinal de que ainda há muita saudade lá em cima para cair
O melhor é se manter atento às mudanças do tempo que cobre as emoções
A saudade vem como a chuva
Mas quem disse que eu não quero me molhar?
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Um toque de saudade em uma pele que precisa ser abrasada
É a única coisa que pode nos fazer acreditar em tempos melhores.
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GERMINA...

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Estou com receio de que o meu coração saia pela boca
De tão pequeno e comprimido que está...
Os dias não tem deixado nenhum órgão evoluir
Sinto a falta de espaço dentro de mim para que o meu coração possa crescer...
Sem violências desnecessárias, sem arritmias inoportunas...
... Essa minha frágil semente de amor precisa apenas de você
Únicamente da água límpida que corre do teu corpo para o meu
Da entrega despida de dúvidas...
O meu coração depende da sua luz para germinar.
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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

UMA CARTA- Destino: Cracóvia/Polônia

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Pensa que acabaram as declarações?
Nada disso. Em se tratando de você o que não me faltam são coisas para escrever...
Eu tenho lembrado a primeira vez que nos encontramos, ja pressentia que te amaria muito, que você seria uma parte marcante da minha vida.
Eu tive receio de te amar... Porque eu tinha medo de sentir as coisas crônicas que surgem com o amor.
Depois de você eu esqueci o entorno de mim!
Você passou a ser o unico, a minha paixão, o meu ciúme, a minha calma. a minha alegria... O domador dos meus sentimentos.
Sempre me fez mal pensar que você poderia destinar o seu corpo, os seus beijos, as suas juras de felicidade para alguém
mas hoje eu sei o quanto eu ainda sou imaturo... Eu tenho vc comigo, ainda que nesse momento esteja tão distante. E isso, por si, já deve ser a minha felicidade.
É que eu te queria sempre mais meu, cada dia ainda mais meu, quem sabe um dia você deseje isso de mim também...
Eu seria o sonhador mais feliz do mundo!
Eu decidi que quero fazer da minha vida ainda mais leve... Da sua vida comigo ainda mais leve... Do nosso encontro nessa vida ainda mais leve... Eu quero flutuar contigo!
Do seu lado já se chegaram os cinquenta anos, mas eu quero fazer que sinta a presença dos vinte anos, todos os dias. Num retrocesso de tempo que ameniza semblantes e revigora os dias... Uma rejuvenescida nos afetos.
Eu preciso de você para que isso se torne a mais sólida realidade... Desejo-te tanta coisa boa que passaria a noite escrevendo, que passaria de carne a vácuo formulando pensamentos...
Faço um pedido antes de encerrar essa carta:
Não jogue fora todas essas minhas palavras... Guarde-as sempre num cantinho arejado da sua memória, ou quem sabe ainda, na varanda do seu coração... Para que vez por outra, possa abrir a cortina e apreciar a brisa suave que sai delas...
Espero que a dimensao do seu amor por mim ainda seja palpável, pois a minha não consigo segurar com as mãos.
Aguardo-te ansioso.
Te amo!

Aracaju, 03 de Novembro de 2011
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CINQUENTA ANOS

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O que são os cinquenta anos?
Qual a sensação que se deve ter quando se chega nessa etapa da existência?
O que vale mais? Correr ávido por uma vivência que nos traga a sensação de aproveitar o tempo que nos resta... Ou construir terrenos estáveis que nos possibilitem os passos lentos?
Quando se chega aos cinquenta anos, já é possível saber o que vale a pena?
Já entendemos o suficiente sobre as pessoas?
E sobre o amor, já temos resposta de como ele deve ser?
Quando temos cinquenta anos administramos melhor as perdas?
Ou ainda cavamos com nossas mãos amadurecidas os nossos próprios fracassos?
O que são esses cinquenta anos que chegam?
Será que de todos os anos que vivi tenho cinquenta lições para conduzir o resto da vida?
O que é imprescindível "ser e ter" quando se completa 50 anos?
Se chegar aos cinquenta anos é uma ladeira acima, a partir dele se segue para baixo?
E quantos estarão dispostos a estar comigo nessa nova inclinação do percurso?
Será que eu aprendi a assumir todos os meus erros?
Será que tentei desfazer todas as injustiças que cometi?
Os cinquenta anos me fizeram um ser humano mais coerente?
Ou continuo eu acreditando na eternidade e zombando do tempo?
Brinco de viver como uma criança que acabou de ganhar a vida?
O que eu devo parar de fazer e o que eu nunca posso deixar de realizar?
Cinquenta anos...
Será que já aprendi os limites do meu corpo?
E a administrar os anseios da carne?
Já sei o caminho de acesso à minha alma?
Ou ela ainda me rege como se fosse uma força superior a mim?
Ah, esses tantos anos de vida...
Com quais conhecimentos adquiridos, construirei o meu tempo, daqui até o último grão de areia?
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terça-feira, 1 de novembro de 2011

MISSIONÁRIO DOS SONHOS

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E eu que tenho passos curtos
E braços com circunferência limitada, fico a vislumbrar utopias...
Eu que sei do pouco que posso dentro desse muito que anseio
Crio minhas viagens por lugares inventados
Vago por aí parado dentro de mim...
Porque aqui dentro eu danço, eu me desloco pelo mundo
Falo e a minha voz é escutada mesmo que eu não possa mais ver a sua direção
E eu que acredito que tudo o que há em todas as partes eu já vi
Talvez em muitas vidas anteriores a essa eu pudesse voar
Por isso tenho essa velhice boa que me antecipa tudo...
E eu que vivo para ilustrar a fantasia, faço-me invisível em tempo presente
Ocupando assim, no fechar dos meus olhos, as possibilidades que não se alcança sem poder
E eu que sou dos sonhos missionário, percorro o infinito sem me mover...
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UMA PONTE ENTRE NÓS DOIS

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Essa manhã uma voz distante me falou de duas cidades que um dia foram separadas por um rio
E uma ponte unificou o que antes tinha limites para ser...
Assim também são os homens, se desenvolvem isoladamente...
Constroem a sua história individual à margem desse rio que é a vida
E um belo dia surge essa ponte chamada amor
Que erguida lentamente, às vezes, faz um nome se mesclar em outro, uma alma se dissolver noutra, dois corpos parecerem um só
Duas vidas juntas formam uma história muito mais bonita
Quando duas cidades com passados ricos são fundidas
O que tinha beleza passa a ser sublime
Aquilo que era história, passa a ser lenda...
Por isso precisamos aprender com as cidades, os rios e as pontes...
Que assim como as fusões dos sentimentos transfiguram todo isolamento
Quando os homens entendem o valor das pontes
A existência mostra que uma simples construção pode modificar o rumo de toda a humanidade.
...........................................................................................
Não sejamos nunca cidades à margem de um rio
Olhando de longe a possibilidade de ser maior e melhor
Vamos construir pontes e acreditar nos casamentos
Sermos nome e sobrenome... Juntos nos fazermos mais universais.
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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

TEMPORALIDADE

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Temporal que a idade desaba sobre nós
Tudo fica à mercê dessa chuva forte que são os anos
Molhada fica a pele, pois, tudo é dilúvio vindo do céu...
A gente sente tudo e tanto ao ponto de pensar que não sente coisa alguma
Eu gosto da sensação de chuva no telhado
Por isso gosto dos temporais que não nos devastam
Quando eles cessam surge um pássaro com galhos secos no bico
E a gente entende que os anos nos ensinam muito
Inclusive a permanecer seguro quando o céu desabar...
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Hoje o meu céu amanheceu claro e com nuvens espassas
Hoje eu acordei com o beijo do sol entrando pela janela
Sinal de que bons tempos vão chegar...
(EWERTTON NUNES)Ver mais
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domingo, 30 de outubro de 2011

UMA XÍCARA DE POEMA ANTES DE ADORMECER

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Estou preparando mais uma xícara de poema antes de adormecer
Esse é um poema quente ainda com vapor de euforia
Somente alguns goles dos mais intensos versos me fazem repousar tranquilo
Um poema preparado com leves sentimentos, acalenta os meus pensamentos
Expectora-me, descongestionando o acúmulo de paixões que carrego na carne... Deixando respirar sem dificuldades o meu espírito
Coloquei para apurar toda a saudade que sinto hoje, o cansaço bom do corpo, a alegria das poucas realizações...
Bebo agora, em goles, mais um dia
Que foi adocicado pela certeza de um amor que logo regressará
Que poema mais saboroso... Quase me queima os lábios
Prefiro-o assim: com um calor necessário para ter significado
Já sinto como se esse poema me colocasse na cama
O seu cheiro sinto forte na fumaça que se dissipa
É como se o sabor desse poema tomasse a mim e ao quarto ao mesmo tempo
Deixando brancas as paredes fora e dentro desse eu que bebe vagarosamente...
E também essa ausência branca que abandona a realidade
Um poema degustado antes de adormecer
Absorve as sensações ruins que não se pode levar ao fechar dos olhos
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sábado, 29 de outubro de 2011

QUE REGRESSE...

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Tenho esperado que o amor regresse
Que pouse nos meus ombros com alegria
E cante nos meus ouvidos as andanças por terras distantes
Fico aqui empurrando os dias... Hoje tão pesados quanto os anos
Revisto-me de poesia para suportar o tempo
E vou conversando com as minhas convicções enquanto espero
Chegamos à conclusão de que é bom quando sentimos a falta do amor
Sinal de que ele existe, não é uma invenção da nossa vaidade
Essa sensação de andar com apenas uma das pernas
De ter o coração preso entre cordas firmes
a certeza do "AVIDAR "
Essa mania de ter a vida regida pelo amor, da mesma forma imprescidível que é regida pelo ar
Traz-me essa sensação de estar alerta ao céu
É de lá que o amor regressa
E por entre as nuvens que ele voltará
(EWERTTON NUNES)
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COM (A) SAUDADE!

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Dormir com saudade é mais ou menos como dormir com fome...
Necessidades tão parecidas que não se amenizam... São apenas adiadas
Um corpo sem comida reclama
... Uma alma com saudade também ronca
Clarice já disse que é preciso comer a presença
Eu diria que nem mesmo a presença sacia quem ama apaixonadamente
Seria preciso que o outro habitasse inteiramente dentro de nós
E estivesse sempre servido na mesa insaciável do nosso querer
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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

IN.DEPENDÊNCIA

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A independência do corpo vale de alguma coisa quando temos a alma dependente?
Independência é para mim a capacidade íntima de depender de algo para estar pleno
Um corpo liberto regido por uma alma entregue é um corpo perdido...
E perdição nesse sentido, é a sublime condição da entrega
Apesar de às vezes caracterizar a falta de rumo preciso e felicidade límpida
Depender independe... No meu ponto de vista particular não existe uma independência real
Somos regidos por essa IN.dependência que nos faz partir de dentro para fora
Sempre a procura de estar dependente de algo que nos traga tranquilidade
Ainda que o meu corpo vague por aí revestido numa pseudo liberdade
O meu INterior fica preso na lembrança maior do meu presente
E penso eu que dessa forma não quero a liberdade
Por estar IN.DEPENDENTE desse contentamento que sinto agora
É muito mais compensador
Nesse estado de deslubramento, dependência e independência, são a mesma coisa.
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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A FLOR ABERTA E A FLOR FECHADA

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Existe em cada flor uma dimensão de beleza
A flor fechada é o início de um aflorar
É onde se vê todo o potencial de um botão
... É a beleza presa em uma timidez sem pretensão
Há tanta ingenuidade numa flor fechada quanto numa alma recém tocada pela vida
A flor fechada é dotada de um encantamento sem ruídos
Silenciosa a flor que ainda não aflorou conquista o mundo
........................................
A flor aberta nos arrebata sem imposição
Ela é a beleza pronta para ser o que nasceu para ser
Há em uma flor aberta a desinibição das virtudes
O perfume é uma ideia intrínseca da sua forma
Que entra mais pelos olhos e pela pele
Uma flor aberta diz menos ao olfato e mais ao espírito
Descobri que amo as flores
As amo porque elas simplesmente são
E ninguém as julga por isso
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REENCONTRANDO O CAMINHO

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Eu havia desaprendido o caminho que leva ao poema
Mas a saudade me viu tatear no escuro
Procurando a luz que me permite o verso
A saudade pegou a minha mão
Levou-me de volta ao mundo encoberto das sensações que não calam...
Escrever é única forma que eu tenho de me encontrar
Ainda que eu vague perdido e machucado
Mesmo que eu não visualize salvação
O poema me encontra
Pois um amigo de verdade conhece outro
E nunca o deixa "se" esquecer...
Eu deixei como testamento os acessos a mim
Para assegurar que quando eu achasse que não sabia mais o caminho
A saudade, minha herdeira maior, viesse me socorrer
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CONHECENDO ESTRELAS

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Preciso aproveitar o instante que tenho o coração leve
E os ossos cheios de ar para conhecer as estrelas
Elas que adornam a noite como brilhantes no colo de uma bela mulher
Eu que sempre quis voar
Aprendi que o céu nos encontra no momento certo...
O impossível é uma dimensão falida
Quando temos a alma inebriada
Pela suavidade de uma brisa de paz
A existência passa de suposição a fato consumado
Preciso ir longe para ver tudo distante
E perceber assim que os problemas viram poeira estelar
Que podemos soprar para o universo conduzir
Preciso manter esterelizados os meus olhos
Que hoje se enternecem com a simples realidade de uma flor aberta
Vou aproveitar esse instante de gravidade sem agravantes
Para ficar suspenso fora de mim
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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

QUANDO HÁ AMOR

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O amor é a formação de um grito
A erupção anunciada de um vulcão
É a essência melhor de um coração aflito
A mais completa melodia de uma canção
É como sentir o mormaço que antecede a chuva
A fome que surge do cansaço
É a fadiga que chega depois da luta
Da nudez o total desembaraço
O amor é quando o mar puxa para dentro
E com a onda devasta o que tiver à margem
Essa ansiedade que nos empurra
O melhor pretexto para se fazer viagem
A coisa mais difícil de sair da boca
Por precisar de enorme certeza
O amor é a coisa mais fundamental da vida
E a mais complexa de toda a natureza
Quando surge nos faz pensar em esquecer tudo
Querendo o nada para melhor se ampliar
Só um verdadeiro amor mata
Somente um legítimo sentimento pode ressuscitar. (EWERTTON NUNES)
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terça-feira, 25 de outubro de 2011

ParticulAR

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Usa a minha pele como um casaco
Cobre-se de mim para não sentir incômodo algum
Quero-te tranquilo sempre
Meus sentimentos mais idealizados são retalhos com os quais
faço um cobertor com texturas amaciadas e cores vívidas
Desejo-te transitando como um sonâmbulo
Embriagado pela forma clariceana de ser
Simplesmente indo... Entregue ao abandono de sonhar
Acreditando que acordar é um engano que não precisamos viver
Envolver-te pelas minhas palavras vagas
Que pouco dizem do que eu tenho por dentro
Deixar-te enternecido pela minha mão suavemente todos os dias
Retira essa camada que me reveste
Ela só faz sentido se te aquecer
Os meus pensamentos são servis aos teus detalhes
Aos teus mais generosos interesses
Usa cada PARTICULA de AR que sopro em sua direção
E toma-me para o seu PARTICULAR deleite
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

BEIJO VINDO DE LONGE

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Hoje senti a força de um beijo na boca dado à distância...




consegui tatear suavemente por todas as sensações que ele trouxe




Rememorar um beijo é tão desconcertante quanto a sua realidade




Ainda mais quando ele ultrapassa o tempo, o espaço, o físico...




O sensorial de um beijo na boca enviado de longe...




Desfalece-me, embriaga-me, incita-me a amar ainda mais




Condena-me como uma promessa que precisa ser cumprida




Dure o tempo que durar...
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domingo, 23 de outubro de 2011

O JARDIM QUE HÁ EM MIM

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Hoje eu tenho uma flor na boca




Vermelha como a paixão recém descoberta




Como se cada dia fosse de um vermelho urgente




Assim como quem não consegue deixar de querer...




E ela está perfumada...




Rubra rosa apaixonadamente quente




Abrasada pelo calor de um amor que é quente como o sol




Ela tem um aroma de saudade gostoso




Tenho outra flor no peito




Branca como a mais pura inveja




Ou como o mais tranquilo lutoUm botão dígno de adornar belezas antigas




E trazer paz aos olhos de quem tocar...




Se fosse falar de todas as rosas que carrego em meu peito




Passaria a eternidade mostrando o meu jardim




Esse jardim que floresce aqui por dentro




Um dia quem sabe eu abra meu corpo ao meio e me transforme em roseiral




E a quem desejar possa, deixar roubar meus botões




Alegro-me com a falta de espinhos nas flores que hoje dão beleza ao meu íntimo




Hoje sou um canteiro de primavera...




esperando que o amor volte para me cuidar




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sábado, 22 de outubro de 2011

CORAÇÃO ESTRANGEIRO

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O meu coração escondi numa mala


Clandestino ele parte para o estrangeiro

Partidas são sempre escuras, mesmo quando sabemos que não são para sempre


Deixando sem identidade esse espaço que fica aqui no centro do meu corpo


Sinto antecipadamente a ausência de dias ainda não vividos

Vívidas apenas as lembranças que acaricio com meu silêncio

Em meio ao tumulto das viagens, há felicidade, pois sinto que o meu coração vai leve

Torna-se na bagagem um necessário aconchego para dias de frio

E eu também me sinto aconchegado pelas mãos de um amor renovado

Enquanto o tempo fica suspenso em saudades

Vou pegar parte dos meus pensamentos e ocupar esse íntimo vazio que fica

Um vazio bom com sensação de vento em casa arejada

Aproveito para escrever poemas de regresso

E mostrar que o meu coração permacerá com o mesma sensação de vida

Ainda que ele esteja longe de mim
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terça-feira, 23 de agosto de 2011

LIÇÕES DE BICICLETA: A vida SOBRE duas RODAS!

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Eu tenho aprendido muita coisa andando de bicicleta
Pedalando por aí enquanto a vida também faz o seu percurso
Tenho aprendido que tudo o que eu preciso é da energia do meu corpo para chegar a algum lugar
Que distância é uma questão de concentração e foco
Tenho aprendido o momento de parar...




A aceitar que eu tenho limites
Vejo que tempo e espaço reduzem a distância entre erros e acertos
Tenho aprendido a respeitar os grandes
Duas rodas não podem competir com quatro rodas, mas podem conviver.
Percebo que nem sempre os sinais são garantia de segurança
Tenho valorizado mais o tempo... Olhado o céu com frequência
E sentido mais o vento... Compreendo que ele pode estar contra e a favor da gente
Sei que contra, o cansaço pode nos vencer
Aprendi que uma ladeira é a recompensa depois de uma subida árdua
E que dura pouco essa felicidade de não fazer esforços
Aprendo que inspiração não precisa de calma e silêncio
Em movimento se pensa na mesma dinâmica
E se sente mais do que sensorialmente, é físico qualquer sentir
Aprendo a estar preparado para o inesperado
E dou muito mais valor a toda chegada
Aprendi a olhar para o chão também, sem esquecer de todo o resto
E dar espaço para que outros passem
Entendi que realmente não estou só
E que eu preciso praticar realmete o respeito a mim, àquilo que me serve, aos caminhos, as pessoas, as máquinas... Se quiser continuar pedalando.
Aprendi principalmente que tudo depende a minha capacidade de ir
Da minha condição de lutar contra dores diarias
E da habilidade de criar forças
Entendi que força é uma invenção individual
E que a vida pode ser tão melhor quando pedalamos por aí pensando sobre essa vida
Acidentes podem acontecer se olharmos mais para dentro do que para fora
Mas não olhar para dentro também não vale o percurso
Buracos podem se esconder em poças aparentemente inofensivas
E cair numa depressão oculta pode significar o fim
Os pés são a força, as mãos o equilíbrio
E a bicicleta me dá todos os dias lições de equlíbrio
Para soltar as duas mãos é preciso saber controlar a intensidade da força
Aprendo também sobre freios... Mantê-los ao alcance das mãos e firmes
Com eles podemos assegurar a nossa integridade física
Pedalar me ensina sobre o princípio e o término de uma jornada
Todos saímos de algum lugar rumo a um final previsível
O que vai fazer a diferença são as escolhas do caminho
E acertar ou errar vai depender da nossa capacidade de escolher
Existem muitas lições que podemos levar para a nossa existência
Podemos fazer numa jornada sobre duas rodas e numa jornada pela da vida as mesmas opções
Optanto em torná-la uma obrigação...


Ou aproveitar tudo o que existe no transcorrer, com leveza
Aproveitar os bons e os maus acontecimentos
Podemos optar em ver essa pedalada como uma meta, enxergar máquinas e estruturas...
Ou perceber as árvores, sentir o vento, observar as pessoas...
Aprendi que quando a chuva chega inesperada, você pode prosseguir ou perder tempo esperando que ela cesse...
Deixar se molhar pela chuva pode ser prazeroso ao passo que não elimina os danos
Das coisas que aprendo sobre duas rodas existe uma maior do que todas...
Uma vez que se aprende a andar de bicicleta... Uma vez que se aprende a viver... Nunca se esquece.






acidentes podem

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domingo, 7 de agosto de 2011

VOCÊ PODE NÃO ENCONTRAR...

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A gente deveria guardar bem os telefones de pessoas importantes, um dia podemos procurar e não vamos mais encontrar








Da mesma forma as fotografias tiradas em momentos especiais...








As músicas queridas que deixamos de ouvir...








Porque um dia podemos querer confortar a saudade e não vamos mais encontrar








Há também os poemas escritos a mão...








Os amuletos da sorte, as cartinhas de amor...








Os diários que guardaram nossas primeiras descobertas...








As roupas que um dia gostamos muito...








Devemos guardá-las bem, pois, um dia podemos não mais encontrar








Tudo o que temos de valor no presente deveria ser guardado com muito cuidado








Um estado de conservação permanente








Isso serve também para a paixão, a cumplicidade, a partilha, os sorrisos, os beijos dados com amor na boca, a disponibilidade em viver junto, o diálogo sem peso, a sinceridade, a entrega total dos afetos, o respeito...








Tudo isso deve ser guardado com muito cuidado...








Um dia você pode procurar, e não vai mais encontrar.




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quarta-feira, 27 de julho de 2011

CUIDE DA SUA MEMÓRIA!

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Sabe qual o melhor exercício para a memória?
Lembrar todo dia de não esquecer
E esquecer aquilo que não serve para lembrar
É mais ou menos assim... A gente acorda pensando no que sentimos pelos outros
Mas esses outros são, acima de tudo, as partes importantes de nós mesmos
Outros que nos ajudam a sermos mais significantes na vida
E essa lembrança se torna forte
Daí a gente pensa nas coisas boas que devemos dizer aos que amamos
Contrariando essa sensação injusta de sempre dizer o pior a quem tanto nos quer bem
O pior que pensamos delas a gente esquece
Até porque esse pior pode ser uma projeção maldosa dos nossos olhos
E de nada serve para melhorar a memória das coisas
Temos que dar frescor à presença dos amigos fazendo vir ao peito a saudade deles
Nesse exercício de saudade, a gente lembra o primeiro sorriso da pessoa amada
Da primeira sensação de nervosismo ao vê-la
E logo a gente lembra que ainda é apaixonado, lembrar da paixão é aquecer sempre o que nunca pode esfriar
E se lembrar de tanta coisa parecer impossível... Se isso for um grande esforço para a memória...
Pense simplesmente no outro. Oferte-lhe um pensamento generoso
A nossa felicidade depende da capacidade que temos em conservar a nossa memória
Conservar é acima de tudo manter vivo aquilo que nunca pede para morrer...
O amor.
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Quem quer ser lembrado nunca deveria “esquecer”. (EWERTTON NUNES)
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segunda-feira, 25 de julho de 2011

UM PENSAMENTO CONTRÁRIO

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Não acredito que falte ao suicida vontade de viver





Contrastando essa ideia de "desistência", tenho a crença de que um suicida é inundado por uma genuína vontade de ter a vida





Mas uma vida que o contemple, opositora a uma que em nada preenche os seus anseios





Ainda nesse caminho contrário de raciocínio





Penso que a fraqueza não é a maior característica de quem antecipa o término de tudo





Pensar nisso o faz um grande corajoso





Sim. É preciso ter muita coragem para abdicar da vida





Da mesma forma para lutar pela permanência numa realidade insuficiente





Incoerente com os que desejam mais de tudo





Partir é um ato que precisa de capacidade





Quam desiste da vida não cria canções e as canta para o mundo





Não encontra motivações para dançar





Se presta a viver outras vidas





Nem constrói poesia... Não procura outras formas de transbordar





Quem desiste vegeta





Criar coisas belas a partir do caos é uma tentativa de ficar





E adequar a injustiça do que se tem à satisfação do que se poderia ter





É saber que tudo o que amamos de verdade





E nos importamos com sincera disponibilidade





Vai receber súplicas de atenção o tempo todo





Que diz o que precisa quer remediar e não fugir





Eu, por exemplo, ainda não sou corajoso o suficiente





Vou construindo súplicas à vida e a tudo o que amo





Até que chegue, quem sabe um dia, a coragem.










P.S: Não estou pensando em antecipar nada, ao menos nesse momento. Tenho grandes razões para viver. Esse texto surge para refletir sobre a morte prematura de grandes talentos. Que se querer, perdem a oportunidade de contribuir para um mundo melhor.















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sexta-feira, 22 de julho de 2011

A PSICOLOGIA-MATEMÁTICA DA TRAIÇÃO

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-Amor, eu tenho uma coisa muito boa pra te contar.





- Diz amor.





- Eu descobri que amo muito você.





- Pensei que você já soubesse isso.





- Na verdade eu ainda não tinha tanta certeza, eu sabia mas precisava de algo que fosse definitivo. Sabe o que acontece... É que quando eu percebia umas coisas em você, seu egoísmo, a forma como você olha quando outras mulheres passam... Além de outros pequenos detalhes que você possui e não percebe que me incomodam... Eu duvidava, porque eu sentia uma raiva tão grande, uma vontade de jogar tudo pro alto.





- Poxa... Não sabia que você tinha tanta queixa sobre mim.





- Não são queixas... Quer dizer, são. Mas não são coisas de fato ruins.





- Não vou tentar compreender a psicologia disso.





- É melhor não, afinal não sou um dos seus pacientes.





- Mas o que foi que te fez descobrir o grande amor por mim?





- Eu dai com outro cara.





- O que você disse?





- Exatamente isso, mas não importa meu amor, o que importa é que o meu amor é real. Eu tenho certeza agora que você é o homem que quero pra vida toda.





- Você me traiu?





- Não olhe as coisas por essa perspectiva.





- E por qual perspectiva um corno deve olhar isso?





- Pela perspectiva de que somente através de coisas loucas a gente encontra a sanidade.





- Pare de falar como se fosse psicologa.





- Desculpa, deve ser a convivência. Mas agora a gente esquece isso e vai ser feliz pra sempre.





- A gente vai ser feliz? Daqui pra frente eu vou lembrar disso todos os dias.





- Meu amor, eu só deitei com outro homem por sua causa.





- Agora a culpa da sua safadeza é minha.





- Se você não tivesse tanta coisa que me deixasse confusa eu não teria dúvidas do meu amor.





- Quer saber de uma coisa, eu também dormi com outra mulher. Aliás outras mulheres.





- Como assim outras?





- Outras. Uma mais de uma que diferença isso faz.





- Faz toda a diferença...





- Quantas?





- Isso não vem ao caso.





- Quantas?





- Não sei... Umas 4





- Eu não preciso mais dormir com homem algum pra ter certeza do que sinto.





- Traição é traição não importa a matemática. Não segue a lógica da sua profissão, professorinha.





- Importa sim. O homem amado menos o homem amante, noves fora, a certeza do amor.





-Quatro vagabundas menos a mulher que te ama, o que resta?





- Você.-










- A resposta errada, eu estou indo embora. Acabou. Você não entende mesmo nada de psicologia.





- Entendo tanto quando você entende de matemática. Espera! E qual seria a resposta certa?





- A certeza de que me ama também.










(EWERTTON NUNES)





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domingo, 10 de julho de 2011

QUANDO A TRISTEZA NOS ABRAÇA

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Essa noite dormi abraçado à tristeza



Um abraço caloroso... Gostoso porque é dado com força




Prendendo-a firme entre as pernas para não sentir tanto o desconforto






Às vezes tateava de olhos fechados para sentir se ela havia despertado e partido






Pelo contrário, ela se aninhou ao meu corpo ainda mais...






Acariciando-me a face com lágrimas






Trazendo espasmos abafados ao meu peito machucado de silêncio






A tristeza muitas vezes é mais solidária do que os que dizem que nos amam






Ela amacia a cabeça quando nos recostamos nela









E suporta o nosso pranto sem achar descenessário transbordar






A melhor liberdade nos vem quando não somos julgados por nada






Faz um tempo não tenho tristeza legítima






Essa que é tristeza e só... Não há camada de rancor, ira, decepção, culpa... Nada






Tristeza com sabor de tristeza e som de um FADO






De certa forma isso me traz alegria



Pois sinto que estar triste é diferente de ser triste



E assim, aceito a tristeza como uma companhia válida quando todo o resto não se importar comigo.
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(Enquanto a maioria das pessoas não aceita a tristeza, eu a recebo como uma possibilidade de ser feliz)



















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sábado, 9 de julho de 2011

PENSAMENTOS FEREM

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Como me maltratam os pensamentos

Ferem mesmo... Ainda não havia me dado conta

De quanta agressão sofro ao pensar...

A toda frustração um pensamento, dessa vez penso: do que serve estar no paraíso carregando o inferno dentro de si?



Sei que são recorrentes em mim essas reflexões

Mais uma prova do aprisionamento das nossas virtudes pelas mãos dos vícios que herdamos.

Talvez por ser a dor contínua uma forma de alívio também

E uma predestinação

Os calafrios que em ondas fazem os pêlos do meu corpo reclamarem

Demonstram o quão tóxico são os meus mais endemoniados impulsos de memória

É exatamente isso, no instante em que injustiças, ingratidão e desrespeito invadem os meus sentidos...

Eu percebo o quanto de inferno habita em mim

É um queimar tão fétido de coisas por dentro que se fosse partilhado devastaria tudo

Impregnaria as camadas mais protegidas que possamos ter

Sou ao mesmo tempo tão propenso ao melhor quanto ao mais desprezível do ser humano

Uma dualidade sustentada por uma fina barreira de lucidez

Não sei até quando essa "lucidez" salvará os homens de mim

Ou o que é ainda pior, salvará "Eu" de "mim"

É muito ruim perceber que bondade não compensa

Que ficcionar a vida é impossível

O que se contrói nessa esfera de realidade machuca de verdade

E não nos transfigura no "bom"... Nos traz amarguras aos olhos

Que em doses rotineiras fazem desaparecer o doce

Essa condição de prazer que deveria ser uma premissa para existência de todos

Eu não gosto da fugacidade do meu olhar

De voltar a não consigar olhar para a frente

Procurar o refúgio do chão e do céu

Para ingressar na dualidade do meu íntimo

Ingressando doloridamente no mais sacro e profano dessa essência confusa que carrego

Quando vou por aí... Quando me colocam de volta ao meu começo

Até dormir se torna uma violência

E o silêncio me prende com força os braços

Falar se torna uma sentença, uma palavra dita será tão cortante quanto uma lâmina

Fico então preso entre escolhas que serão sempre erradas

Pareço ser um único portador do engano, da falha, do equívoco

Todos os erros parecem provir unicamente do que faço

Até das minhas tentativas de acerto

Descubro todo dia que não há compreensão para o bem ou para o mal

Para o bom ou o ruim

Enquanto o mundo girar em torno da lógica onde o "bem" é sempre uma obrigação

E a sua forma continuar indefinida e transparente

O mal será sempre uma opção mais visível e contundente

Por ele ter cor, densidade e energia...

Essa última tão efusiva em sua natureza

E por ser mais incômodo e consistente, será sempre a melhor opção para segurar firme e jogar em alguém.
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segunda-feira, 4 de julho de 2011

DESCULPA...

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O ser humano é mais ou menos assim...



Não consegue ultrapassar algumas barreiras



O egoísmo é uma delas



Mas falo dessa condição de nunca ir além do conforto de se ver para permitir que o outro seja visto



Outra grande muralha é o exercício do perdão



Desculpar-se parece o maior fracasso de toda pessoa



Muitas vezes se inverte a culpa para não assumir fraquezas



Quando me deparo com essa verdade



Rendo-me à sabedoria cristã



O perdão é talvez a maior batalha humana contra a pobreza de alma



Ainda que queiramos buscar a libertação através dele



É em dois que reside o significado do que seja perdoar



Ainda pior quando o ofendido passa a ser ofensor



O perdão deixa de ser puro para ameaçar a paz



Sei quanta luta há por dentro



Como sofro nessa tentativa de derrubar as minhas muralhas mais desprezíveis



Mas assumo que preciso de ajuda



Toda ajuda que puder para entender como ser mais forte



Na verdade eu acredito já saber a resposta



É preciso sempre violentar



Mas não a muralha, a fortaleza, as duras pedras da natureza de todo homem



É preciso a violência da diferença



Do fazer diferente



Uma palavra salva e mata



Ela é o limite entre a dor e o alívio



"Desculpa" pode por abaixo qualquer rochedo.



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