sábado, 30 de janeiro de 2010

O Homem com o Coração de Cristal

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O dia não faz mais sentido para mim...
A minha vida parece só ter motivos com a escuridão
Talvez porque sou um "menino gente"... No dia seguinte mais gente do que no dia que passou...
E mesmo sendo a minha uma "humanidade infantil", a luz não é uma boa conselheira.
Às vezes tento dormir de dia,acreditando que possa assim fugir da minha realidade tão repetitiva
De repente ser surpreendido com o portal da cidade dos sonhos, mas nada acontece...
O dia não é seguro para o sono profundo, no mínimo conseguimos "dormir acordados"
Não existe descanso tranquilo quando os homens caminham lá fora.
Os sonhos não podem existir seguros com o sol lá em cima, tem muita coisa ruim querendo descobrir o segredo da cidade dos sonhos e destruí-la.
A nossa estrela de quinta grandeza não tem culpa alguma em ser cumplice da maldade humana
Nem de não ser favorável à perpetuação da fantasia
Isso acontece quando se é grandioso demais, quando se chama tanta atenção...
Os dias parecem intermináveis quando nos alimentamos de ilusões
Ainda bem que na vida alguns retornos acontecem e a lua chega sempre.
Quando ela começa a trazer o seu brilho mais brando, adormecem os espíritos mal intencionados, fazendo-os trancafiar a sua condição de "gente".
Ainda bem que todo homem se rende a cansaços...
Toda noite, antes de adormecer, os estágios do meu sono são invadidos por temores
Temo que eu tenha perdido o aceso,que somente os sonhadores de alma ainda leve, podem usufruir.
Eu sempre acho que nós, do mundo de gente, nunca sabemos quando deixamos de ser leves... A sensibilidade é algo tão fugaz quanto a sorte
Mas enfim...
Mais uma noite consegui atingir o estágio mais elevado dos que dormem sem pesar...
Quando me dei conta, já estava sendo levado pelos céus, acordei para o sonho com o vento soprando os meus cabelos cacheados.
Liberdade deve ser parecida com a sensação de voar no grande pássaro condutor até à cidade dos sonhos.
Desta vez o pássaro não aterrizou no lugar de sempre
-Estranho (Eu pensei)
Sobrevoava lugares nunca antes visualizados por meus olhos... Aquele reino é indescritívelmente ideal para mim.
Toda paisagem era nova e impossível de ser assimilada pela razão
De longe algo reluzia com tamanha intensidade, abrir os olhos era difícil...
Eu podia ver uma casa sobre árvores em aspiral, que ultrapassando nuvens, tocavam de leve a lua.
Mais próximo dava para ver: era uma casa feita de ouro, isolada das demais moradias da cidade dos sonhos.
Quase que se escondia por entre as folhas, mas o brilho do ouro não conseguia ser ocultado, chamava atenção ainda que não fosse esse o objetivo.
A casa parecia ter sido construída,ali no alto, para que ninguém conseguisse chegar Mas eu cheguei...O pássaro do meu sono pousou... Era incrível ver a lua tão cheia e tão perto de mim.
Meus olhos transbordaram involuntariamente poesias de deslumbramento.
Eu não entendia a razão de ter sido conduzido ali, mas já me sentia privilegiado
O pássaro aproveitou o momento em que o poeta encontra a sua inspiração e desapareceu rapidamente no céu.
Eu estava ali só e sem saber o por quê?
Era impossível saber se alguém realmente morava ali ou se aquele era apenas um monumento... Não se via porta, nem janela... Não havia qualquer brecha para chamar alguém.
O interior da casa não estava visível...
Nenhum chamado de "ô de dentro" ultrapassa paredes de ouro (imaginei)
Quando a preocupação começava a invadir o meu pensamento, uma voz suave, quase um solfejo saía nitidamente por entre as paredes de ouro...
- Como um solfejo consegue ultrapassar, tão lindamente, essa grossa camada?
Somente a força da música, que emana do interior de uma criatura incrível, conseguiria algo tão mágico.
Uma lágrima correu-me a face, eu estava sendo arrebatado pela sua música tão apaixonada...
Antes que a lágrima caísse no chão, uma pequena passagem por onde só passariam animais de estimação, se abriu... Fui puxado e rapidamente colocado de ponta a cabeça.
- Socorro!
- Por favor, não grite! Meus ouvidos são sensíveis a gritos!
Ele se aproximou de mim e enxugou a minha face
- Não é permitido chorar aqui!
- Ninguém pode proibir as lágrimas... Por favor, pode me tirar daqui?
Eu só preciso ver se você está trazendo algo que possa me machucar.
- Eu nunca machucaria ninguém!
Após ouvir isso, rapidamente me pôs no chão. Eu consegui olhar bem profundamente em seus olhos, algo emanava deles... Aos poucos fui me acalmando.
- Era você quem cantava?
- Sim. Você ouviu o meu canto? Como isso é possível? O som não ultrapassa as paredes desta casa... Somente ouvidos generosos poderiam ouvir o canto preso de um homem triste. Já sei! Você é o "menino-gente" que os ventos andam exaltando... Eu te esperava! Pedi ao grande pássaro que te trouxesse até aqui, ele me devia favores, pedia que eu cantasse para ele, gostava da minha música quando eu era feliz.
- Você não é feliz?
- Eu sou um homem de coração esvaziado, sem o amor para preenchê-lo... Não posso ser feliz.
É inexplicável a beleza daquele olhar... Seus olhos eram de pedras preciosas, que encantaram à minha cobiça branca... Um poder emanava deles, a vontade que eu tinha era que guardá-los para que ninguém pudesse roubar e fazer mau uso.
Seus olhos sorriam uma tristeza abafada.
- Por que se trancou aqui?
- Para fugir da dor. Aqui nada, nenhuma decepção pode me alcançar.
- Você é daqueles que sentem demais as coisas, não é?
- Eu entrego facilmente o meu coração, tento colocar dentro dele o amor... Ainda não consegui... Encho então o espaço vazio com nostalgia e desesperança.
- Quem foi o último ser a quem entregou o seu coração?
- Entreguei-o a uma "Mulher com coração-de-pedra". Eu tentei de diversas formas, fiz o possível para colocar o coração dela dentro do meu... Fui machucado com isso, me arranehi muito... Ela foi dura, não queria o mesmo que eu. Você que ajuda a todos, me ensina a deixar de ser assim?
- Posso ver o teu coração?
Ele abriu a sua roupa e eu pude ver... Era um "Coração de Cristal": límpido, delicado, único... Qualquer ruído perturbador poderia destruí-lo. Agora eu entendia o motivo de tamanho isolamento... Trata-se de um coração raro nos homens e por isso mesmo, muito mais frágil.
- Sou um menino-gente, talvez não seja o ser ideal para falar sobre o amor, mas posso ao menos tentar... Talvez você esteja querendo colocar no seu coração outros sem compatibilidade. Um coração de pedra pode destroçar o seu de Cristal... Talvez um dia você encontrar uma "Mulher com o Coração de Flor". O seu coração se tornará um vaso perfeito para esse amor. Enquanto isso, use a sua linda música... Ela atrai corações que combinam com os seu. Essa sua casa toda feita de ouro, não pode ser o cemitério dos seus olhos, pois,somente o brilho que deles emana é capaz de fazer permanecer os olhares que se aproximarão com verdade... O brilho do ouro não pode ser a maior beleza visível a todos, e sim, o brilho suave da sua alma.
Depois que eu falei isso, uma lágrima caiu sem receio da face daquele "Homem com coração de Cristal".
Em silêncio e agora feliz, o Homem com o coração de Cristal" pegou a sua viola e saiu da casa de ouro.
Num olhar demorado firmava-se a despedida... Ele pediu ao pássaro dos sonhos, seu amigo de longas datas, que antes de me trazer de volta ao meu mundo, o levasse à sua nova casa. Lá ele estaria esperando seguro o seu novo amor.
O Homem com coração de Cristal" foi morar na lua... Moradia perfeita para os cantores de alma profunda.
Lá o deixamos... Seus olhos eram ainda mais preciosos naquele momento .
Enquanto me distanciava podia ouvir o cantar daquele "O Homem com o Coração de Cristal"... Tenho certeza que logo o seu coração encontrará o preenchimento perfeito e a felicidade para sempre.
Regressei ainda enternecido pela sua voz e a lembrança de um momento bom, pela poesia de procura que cantava uma criatura que só deseja amar...
Adormeci para logo mais despertar no meu mundo sem graça, onde o amor não tem lá grande valia.

*Poema feito para um amigo especial, Everson Vimes. É assim que vejo o seu coração e a sua arte como um cristal sensível e especial. Obrigado por me inspirar!BJÃO!
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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

MOSAICO

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Então eu não sou eu...
Sou os outros com quem me deitei
Sou aqueles a quem muito amei
E também aqueles que o meu desejo pouco quis
Eu sou um mosaico erguido dos pedaços de amores que vivi
Das decepções que acontecem e nos arrebatam
Das paixões que dão e passam
Eu sei que Todo encontro é partido
Por isso mesmo o recorte descolorido
com o qual o destino com deboche
preenche seu álbum de recordações
Enquanto de lá pra cá somos jogados
Pelos acontecimentos arrebatados
Lançados à sina impotente de ser reféns das nossas tentações
Eu sou as interrogações que me inundam
As respostas que prefiro não obter
É melhor fazer perguntas do que viver mudo neste imundo mundo...
Por isso deixo os dias em silêncio me entorpecer
Crio melodias como um simples aprendiz
fazendo brotar a beleza dolorida
Não sou nada além de um mosaico
Construído a partir dos pedaços
De todos os momentos nos quais fui ou não feliz.
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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

DE NADA ME SERVE O PARAÍSO

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De nada me vale ser cristão
Pra quê me serve o paraíso?
Melhor viver sem perdão correndo na contramão
De olhos abertos jogar-me do mais alto edifício
Acreditar no invisível é ser livre e desmedido
É transbordar as páginas de amor
Sem me preocupar com o ridículo
É encontrar a diferença num mundo de iguais
Hoje só pode estar seguro aquele que abre mão de uma falsa paz
Eu prefiro então afrontar o meu maior inimigo
Nenhum santo pode ajudar um homem como eu
Que vê em todos os rostos a maquiagem de uma falsa alegria
Não quero o céu se nele existir a hipocrisia
E uma eternidade falsa, vendida e vazia...
Aqui em baixo das cabeças esvaiu-se o pensamento
Num mundo sem motivo
Anda seguro quem dorme desarmado e atravessa a rua desatento
Quem se entrega ao caos encontra o seu sentido
Nos dias de hoje pra quê me serve ser cristão
De nada me vale o paraíso




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SEM RESPOSTAS

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O que procuro em você?
O que não encontro em mim?
O que foi preciso mudar por dentro?
O olhar? O pensar? O sentir?
Você estava lá o tempo todo
E porque só agora eu te vejo?
E para quê te ver se eu não queria me tornar refém do desejo?
Eu te quero mesmo ou será que inventei o teu querer?
E o medo onde foi parar?
E o receio constante de errar?
Machucar? Não retribuir?
Onde foram parar as respostas?
Esta canção não me diz nada
Para onde nos levarão as escolhas
Qual é a saída? De qual lado estou da estrada?
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CANTO DE SALA

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Ah! Se aquele canto falasse revelaria os encantos teus
E se todo instante ficasse
E aquele canto dissesse o quanto nos amamos a sós...
Nossa! Aquele canto de sala
A parede branca virando lençóis
A silhueta estendida
A nossa imagem na luz rebatida ampliando a combinação
O encaixe do beijo
O sexo perfeito sem pudor ou medida
O suor embaçando o espelho
Você caindo aos meus pés de joelhos
E eu entrando em outra dimensão

Ah! Aquele canto de sala
Um segredo de mala
Que não conto a ninguém
Apenas suspiro calado
O amor resguardado
Que só entende que tem


Em cada canto da casa o aroma criado por nós
Nossos perfumes misturados
Deixando o desejo elevado no ar
O prazer virando essência
Nossos corpos partilhando o cansaço
Debruçados no sofá
Um sentimento imune a qualquer maldade
Que cresce seguro e com paciência
Longe dos olhos sobrevive a verdade
Se existe a privacidade tudo pode ser eterno em existência

Ah! Aquele canto de sala
Um segredo de mala
Que não conto a ninguém
Apenas suspiro calado
O amor resguardado
Que só entende que tem
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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

ISA a BELA Princesa dos sonhos

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Na noite passada eu retornei a “Cidade Dos Sonhos”
Não via a hora de subir no “pássaro do meu sono” e sair do meu “Mundo de Gente”
Tinha sido mais um dia desinteressante para olhos como os meus
Que precisam de encantamento para não cegar
Mais ainda bem que a lua sempre chega e nos ajuda a viver de verdade
Não demorou muito depois que toda a casa silenciou...
Quando a consciência ia perdendo a força...
Eu ouvia ao longe o bater das asas do meu tão esperado amigo
Ele se recusa a aparecer se ainda houver algum traço de racionalidade
Nenhuma fantasia habita nos mundo da razão
Ele pousou suavemente no telhado
Tão diferentemente lindo, uma mistura de todas as espécies de aves que existem
Não existe sensação igual a que sinto quando cavalgo no pássaro do meu sono
O vento toca os meus cabelos como o embalar da mão de mãe
Lá de cima dava para ver que a cidade estava em festa
Era possível ouvir que as árvores cantoras anunciavam a chegada de alguém especial
Quem seria?
Distraído com tamanha agitação, desequilibrei e cai do pássaro do meu sono
Eu sentia aquela sensação que nos vem ao peito, quando dormindo, despencamos do alto de uma torre
Eu não sentia medo, pois sei que na “Cidade dos Sonhos” não existe dor
E antes que eu completasse esse pensamento, borboletas de tamanhos e cores que nunca via antes me conduziram suavemente ao chão
Seria tão bom se no mundo de gente ninguém se machucasse... Sei que isso não é possível
A Nina Chocolate estava lá para me receber e me colocou logo a par do que acontecia
A cidade estava exultante pela visita da princesa da Cidade dos Sonhos
Ela nunca antes tinha sido vista por ninguém
O Rei e a Rainha nunca permitiram a sua saída do “Castelo de Lembranças”
Os boatos contam que a princesa seria tão linda que talvez pudesse trazer a inveja para a cidade dos sonhos
Por isso seria melhor deixá-la sempre distante
E assim evitar que os piores sentimentos do mundo chegassem por lá
E por que então ela apareceria agora?
- Ela soube que um “menino gente com olhos de poema” entrou na cidade e queria conhecê-lo, nem os seus pais a fizeram mudar de idéia.
- E quem é esse? Onde está?
- Você é este menino! Ela acredita que o seu olhar pode ser libertador e protegê-la da inveja e de qualquer sentimento pesado que a enxergue
Eu? Olhos de poema? Era por mim que a princesa apareceria pela primeira vez?
A minha cabeça organizava uma pergunta atrás da outra e não encontrava sentido em nenhuma resposta...
Tudo bem a vida não precisa de sentido algum para encontrar a libertação
As nuvens se contorceram gerando uma grande cascata
Navegando por sobre as águas, num barco todo enfeitado com estrelas, a princesa se aproximava
Nos olhos dos moradores da cidade dos sonhos o deslumbramento
Talvez os boatos fizessem mesmo sentido... Era impossível não ser afetado pela sua beleza
Toda a água foi evaporando e voltando para as nuvens
A princesa flutuou até mim e abriu o sorriso
Neste momento o sol envergonhado precisou esconder-se atrás da montanha
Todos tiveram que proteger os olhos, pois, o brilho incomodava muito a olhos despreparados
Eu fui o único que não foi afetado com a luz extasiante que vinha daquele sorriso
Eu sentia vontade de todos pudesses vê-lo e não fossem ofuscados com a sua energia luminosa
Isa a Bela era o nome da alteza... Isa a Bela princesa dos sonhos
Falou-me com voz doce, condizente ao seu sorriso. Olhava-me com o aconchego de um abraço:
-Eu soube que você gosta da nossa cidade, que possui o olhar tão puro quanto o mais simples poema... Eu pensei que o “mundo de gente” não aceitasse olhos assim... Também soube que ensina com sabedoria as coisas do seu mundo. O que você diria para uma princesa que precisa ser livre do jeito que é, mas pode atrair os piores sentimentos do mundo por conta das suas virtudes?
Quem era eu para dizer qualquer coisa a uma realeza? Isa a Bela Princesa não tinha culpa de ter nascido com tantas qualidades.
Eu disse:
- Você não precisa esconder quem é nem o que possui por causa dos olhos dos outros seres. Apenas seja exatamente como assim... As nossas qualidades são os defeitos que nunca conseguiremos anular. Você é feita de luz e precisa iluminar. E caso cheguem os piores sentimentos do mundo, o que não faltarão são companheiros para enfrentá-los com você.
A princesa ficou muito agradecida pelo que falei e decidiu depois deste dia nunca mais se esconder. Isa a Bela Princesa e eu fizemos um pacto: se algum dia eu não agüentar mais o “mundo de gente” posso me tornar um cidadão da cidade dos sonhos.
Festejamos muito essa possibilidade
Mas eu precisava voltar... Montei no pássaro do meu sono e regressei
Quem sabe um dia eu não precise mais acordar?
Quem sabe um dia eu vire, também, um sonho bom

Ewertton Nunes
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