Há beleza num encontro de pedrasPedras pequenas e tão grandes que é impossível abarcar
Paisagens incríveis que nos ensinam muito sobre o impossível
A água que desce dos relevos percorre os espaços entre as gigantes pedras
Afinal, até as mais difíceis e pesadas criações de Deus merecem carícia
Um toque que refresque o calor do mundo
Mas como isso seria possível sem os espaços formados
Entre encaixes que parecem perfeitos e impenetráveis?
É cansativo saltar sobre um vale de pedras
Mas a motivação está no indício de recompensa que se vê no trajeto
Se as águas conseguem modificar o que parece imutável
Não podemos desistir um dia de tentar...
Descobri que pedras possuem cor
Ao menos as pedras que se permitem o toque
Uma porção de tons que reluzem quando o sol as ilumina
Não dá para entender como alguns homens não aprendem com as pedras
E nem ao menos se enxergam endurecidos e rudimentares
Incapazes de aprender com a água que desce das serras, lições de flexibilidade
O real deslumbramento nasce da transformação que ocorre no encontro com outras naturezas
Da vegetação que margea o vale
Essas pequenas quedas d'água que acontecem nos estreitos pedregosos
Nos animais que se encondem por ali...
Entendo Raul Seixas com o medo de ser pedra chorando sozinha no mesmo lugar
Se nem a mais endurecida obra de Deus está fechada para a vida
Mesmo sendo a eterna metáfora para o perpétuo
Está livre para a transfiguração da sua essência
Não entendo como os homens que gostam de água não se deixam margear pelo amor
Amor é água por vezes mansa e quase sempre em arrebentação
O homem deveria Ser tocado pela humildade das diferenças naturais
Quando a gente é pedra e deixa a água passar por entre nossos espaços
Logo adiante possibilitaremos a existência de um ribeirão
Lugar onde as pedras nunca ficam sozinhas
E até os homens pedem licença para desfrutar o seu paraíso
EWERTTON NUNES 01 DE JANIERO 2013 ( Voltando de Lençois/BA- Uma parte da bagagem é leve, a outra pesada com a incompreensão sobre os homens de coração endurecido.)
