segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ÁLBUNS DE FELICIDADE

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Você que hoje é o meu presente
Não quero nunca te ver como um álbum de recordações

Espero alimentar com a sua imagem novos álbuns todos os dias

Que os momentos de partilha sejam boas fotografias que expomos em espaços virtuais

Sem nunca deixar o real desaparecer...


Talvez essa seja uma forma de gritar para o mundo que nada pode ser alterado


Que o destino não mexa no que estampamos com tanta entrega e verdade.

É fato que todo minuto é partida

Mas podemos ser jornada sem nunca perdemos um ao outro

Podemos ser o amanhã nos tornando sempre o hoje

E o ontem ser apenas a certeza de que o novo dia é sempre melhor a dois


Tenho percebido que o passado me encanta com a mesma força que me amedronta


O seu regresso precipita em mim um retrocesso de sentimentos que pensei não conter


Confesso ter medo do seu passado...


É como se o que passou não tivesse ido tão longe assim


Sinto um assombro infantil, como a sombra na parede que a gente escolhe o que vê


E quando a gente cresce percebe que nada a gente tinha a temer


Ou ao menos os nossos medos mudam de forma e motivação

Eu sinto um pavor imenso de hoje ser uma história velha e repetida que contará a alguém que pode vir depois...

De me tornar um fantasma de passado a assombrar um novo amor seu...

Continuar sendo parte desse ciclo sem fim de amores fracassados que só servem como história para gerar ciumes e insegurança.

Eu sei que o passado sempre volta numa falsa contrução de futuro livre


Saber a origem dos monstros na minha retina


Em nada tem amenizado os meus medos


Sinto que do passado de dois corações que se cruzam

Somente os álbuns familiares podem ser compartilhados

Sem causar estranhamento e instabilidade

Bem sei que nem todas as fotografias contém sorrisos sinceros

E que a dor nunca aparece num retrato colorido

Uma fotografia nunca expõe toda a complexidade de um momento vivido

E jamais revelará o que ocultamos por fragilidade

Mas ao menos todo sorriso existe

E essa existência nos intriga a sua descoberta

Ás vezes até mesmo quando a dor não nos liberta

O sorrir vem a nos aliviar... E quando ele vem de uma doce lembrança

Quando há nele o brilho sincero de um amor bom

É como um batom que faz o contorno na boca para o seu encanto sobressaltar

Penso que a gente perde muita coisa por medo de perder

Que não fazemos realmente a vida acontecer como poderia se não pensássemos no pior

Mas cada um sabe quanta mágoa e fracasso já preencheu as suas molduras

Eu saio todos os dias na tentativa de prender a felicidade numa fotografia

Como quem quer firmar um estado D"alma no "pra sempre"

As mágoas estão postadas num álbum que não conseguimos "DELETAR"

O máximo que podemos é permitir o acesso dessas dores a poucos amigos



Logo, todo passado será sempre uma camada sobreposta de vida



Que quando por vezes a cola não prendeu tão bem a nova fase anexada



Deixa soltar a página... E a gente querendo ver sem querer... Descobre o que não devia



A gente lê a repetição de erros que preferíamos não enxergar



E a mágoa invade um momento que não podia se contaminar com o que foi um dia e não é mais


Ou seria?


Sei que mensagens inesperadas também possuem um impacto cruel


E a gente conhece nomes, rostos e lembranças que não estão em territórios que dominamos

Nós sabemos que onde não há controle somos puro instinto e fuga...


O passado são como fotografias que revelamos

A diferença é que sempre as guardamos sem nunca conseguir rasgar

Mas eu que sou analógico e crônico

Sei que ás vezes o bom é se render a ilusões digitais

E acreditar na constante evolução da imagem projetada para dentro

Perpetuando no mundo virtual a textura real de momentos possíveis

Agora sei porque gosto tanto de fotografias

E nunca a satisfação encontro no que vejo

É por acreditar que sempre haverá um melhor retrato

Que a fotografia tirada no segundo seguinte pode ter melhor enquadramento

E assim eu vou enganando o tempo...

Empurrando o passado um pouco mais

Enquanto preencho com o amor todos os

dias...

Vou colecionando nos álbuns da minha vida os momentos especiais

Tentando desfocar nossas histórias já percorridas

Brincando de inventar um presente eterno...

Querendo que o passado nunca me coloque para trás








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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

SorRIO do aMAR- (AMOR APAIXONADO)

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Quando o amor e a paixão dividem a mesma imensidão dentro de nós


São como o rio e o mar dividindo a mesma dimensão de beleza


O amor tem a mesma força branda e constante de um rio
A sua calmaria nos dá a certeza de uma navegação suave

De uma doçura que tranquiliza a vida
Tudo é límpido... Tão seguro estado interior nos traz a impressão de ausência
Um excesso que também revela a sensação de vazio

O amor anula a imprevisibilidade, retirando a diversão da vida...

Aquela que o homem procura para se sentir vivo

Que precipita aos estágios mais frenéticos de adrenalina

Condição essa que a paixão domina e nos coloca em suas mãos

Pois a paixão é da mesma força revôlta que o mar
Mesma natureza primitiva que deu origem ao caos humano
O mar nos deixa sempre alerta assim como a paixão nos leva em "arrebentação"

Ele pode abandonar o balanço leve das suas águas

E em segundos mudar toda a lógica das nossas sensações

Assim como a paixão que nos retira toda a sanidade em lápsos de memória

Nos jogando repentinamente no tumulto de uma onda que nos embaça a visão

O sal da paixão nos faz arder os olhos

E nos retira a capacidade de enxergar o que há de belo no fundo de tudo

Seríamos então nós o planeta com uma uma grande porcetagem de PAIXÃO-MAR
E uma ínfima quantidade de AMOR-RIOS?
Nossos sentimentos são águas com diferentes qualidades...
Distintos em cor, sabor e atitude
Iguais em profundidade, entensão e magia...
Por isso nada se compara ao encontro do Rio com o MAR

Toda relação precisa ter a combinação perfeita dessas diferenças tão complementares
A calmaria do RIO e a constante preocupação do MAR

Para nunca ser tão doce nem tão salobra

SorRio do aMAR por me sentir uma criança que nada sabe sobre navegar

Mas começo a entender que amar apaixonadamente é ser o encontro do Rio de do Mar

O complexo da vida está nisso

O equilíbrio está em nunca deixar um terminar para o outro começar a existir

...



UM POUCO MAIS DO MESMO (META-POEMA)




QUERO viver com muita paixão todo esse amor que me navega


Quero que sejamos uma paixão bela


Com duas cores similares


E sabores diferentes


Que causa extase de felicidade em nossos olhares e que deixa confuso o paladar da gente


Quero ser Rio e MAR e assim ser


Quero ser o equilíbrio dessa natureza


Dessa paisagem perfeita que hoje criamos para nos esconder


RIOMAR sem nunca deixar de ser água


Mesmo sendo dois parecer um só


Quero te amar como quem se pesca num rio


E sentir essa paixão como quem parte sem rumo no mar


Quero todo dia a calmaria e a novidade


Sendo sempre água que nunca estagna no mesmo lugar.




















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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

OLHOS DE CIÚMES

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Quando os olhos ganham uma camada de ciúmes
O amor em fragilidades desaparece
Tudo logo se esquece e se transfigura em maldade
A gente vê o inexistente e amplia uma verdade enganadora
Nada o ciume perdoa... Tudo ele faz escurecer...
E o amor não é o suficiente para sustentar o coração da gente
Afinal o ciume é a esquisofrenia dos que são regidos por paixão?
Amar é liberdade ou aprisionamento?
Quando a paixão sente ciumes do amor o que resta de nosso?
Eu achei que pudesse controlar tudo
Mas a rebeldia do que emerge subitamente é impossível deter
Voltamos a ser crianças enfurecidas
E tudo parecemos desconhecer...
Agora penso saber que insegurança não é o mesmo que desconfiar...
Quando o amor e a paixão acontecem eclipsados
tudo que é intenso em tensão pode nos sufocar
Arrancamos sem piedade os olhos com as unhas
Amar apaixonadamente nos torna reféns dos olhos de quem passamos a amar.
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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

MOON LIGHT

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Beethoven parecia orquestrar o céu
Tudo se movia para possibilitar segundos de perfeição
O céu inteiro em movimento para mim...
Eu único espectador do espetáculo do universo
Do meu ouvido para o inalcançável, para o incompreensível
A gente procura tão longe inspirações para viver
E logo acima de nós está tudo o que precisamos saber sobre nós mesmos
Afinal o céu nada mais é do que o nosso avesso

Uma forma que Deus encontrou de nos mostrar como podemos ser por dentro se quisermos...

Bastava tão somente deixar o sublime da vida nos invadir
E nos ensinar como podemos viver...
Olhando o céu vi o lua se tornar cúmplice de um encontro à meia luz
A despejar uma claridade suave sobre as nuvens que vagavam sem pretensão
A dança tranqüila fluía ao compasso de uma sonata noturna
Duas nuvens bailando por uma imensidão, sem perceber o encaixe ideal que ao longe se via
O infinito do espaço não foi o suficiente para impedir o toque suave de duas nuvens que nunca antes pensaram se cruzar
E como num beijo que se abraça perfeitamente elas passaram a ser uma só
Esquecendo que uma dia eram nuvens solitárias que andavam sem destino
Criando formas que se tornavam a subjetividade do olhar de outros
Mas nunca vistas com a leveza que as põe perto das estrelas
Acontece que o belo ás vezes esbarra no seu melhor lugar e aquelas nuvens distintas
Logo deixaram de ser duas, em suas histórias isoladas, para criar uma dimensão apenas
Uma terceira existência nascia da união das suas diferenças
Uma completude que a igualdade faria repetição e não novidade...
Duas em uma, sem nem por isso deixar de serem belas caminhando juntas rumo a outros lugares desconhecidos
O céu continuará o mesmo, as estrelas permanecerão em solos iluminados
Mas as nuvens agora dançam como se fossem uma só, gerando poesia a dois...
E a lua madrinha e comparsa rege a sua luz ao som de Beethoven
Iluminando a noite para que esse encontro das diferenças que se igualam
Continue a bailar enquanto o céu for suave como uma sonata que nos invade de noite.


A GENTE NÃO PRECISA MODIFICAR A VIDA DO OUTRO PARA QUE ELA SEJA PERFEITA PARA NÓS... PRECISAMOS APENAS CRIAR UMA TERCEIRA VIDA QUE CAIBAM DOIS.
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domingo, 16 de janeiro de 2011

CRIAÇÃO

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Ainda há pouco sentado na privada de frente para o piso branco da parede do banheiro, eu observava uma formiga fazer uma trajetória solitária e interferia com a ponta do dedo o seu caminho... E mais uma vez pensava sobre a criação das coisas e a nossa interferência nessa condição não definida por nós.
Se nascesse uma estrela para cada pensamento meu sobre as coisas incompreensíveis da vida, eu já teria um céu infinitamente maior do que o de Deus. Pensar sobre a criação é refletir sobre dois universos com dimensões extremas, um “macrocósmico” e outro “microcósmico” um que diz respeito ao universo que Deus colocou fora da gente e outro que ele empurrou goela abaixo para dentro de nós. O que é exterior a nós é tão imutável e distante do nosso inexistente poder, que nunca conseguiremos interferir e modificar minimamente, nessa verdade eu já encontrei conformação. O que me angustia é perceber que o meu universo “microcósmico”, tão importante e vital para a minha resistência aqui no “mundo de gente”, não é tão meu e que até mesmo as minhas criações mais depreciáveis podem ser uma brincadeira de mau gosto não criada por mim.
Eu olho esta formiga perdida na parede e percebo que Deus deve fazer comigo o mesmo que agora faço com ela, esta formiga está em minhas mãos, optar sobre a vida ou a morte dela agora é uma decisão minha... É como se houvesse sempre algo maior a nós que nos retirasse o domínio dos nossos próprios destinos e escolhas. E eu me sinto como essa pequena criatura nas mãos de um criador que não foi criado por mim e nem se criou a si... Mas é como se agora eu entendesse mais ou menos como se processa a criação das coisas, ou seja, toda criação é coercitiva, fruto de imposições de um invisível que nunca teremos controle algum. As nossas escolhas nunca serão nossas, pois, emergem que uma esfera muito maior que nos envolve e nunca conseguiremos abarcar, ela é que nos abarca.
Aqui de frente para esta formiga eu entendo o porquê de nunca pensarmos sobre o sentimento das outras criaturas... Eu nunca antes me questionei o motivo de uma formiga está dentro de um banheiro, como ela veio parar aqui? Por que justamente em um banheiro? Por que exatamente neste banheiro? Por que o destino desta pequena formiga se cruza com o meu? Será que ela me vê também como um ser insignificante sem propósito ou razão de existir? E será que me esmagaria com os dedos se assim pudesse fazê-lo? Eu não tenho e nunca terei nenhuma resposta para isso... Mas penso que para todo ser existe um predador maior que pode decidir sobre o fim ou não de tudo e isso me faz sentir ainda menor do que já me sinto.
Então existe um dedo de Deus no meu destino, arbitrando as escolhas que penso serem minhas, não sei se ele está sentado numa privada enquanto faz isso... Se enquanto expele as suas podridões, os devaneios vão emergindo e assim ele vai brincando comigo, desviando o meu caminho, provocando os meus medos, alimentando as minhas esperanças, criando os meus fantasmas... Da mesma forma insensata que eu faço quando brinco com essa formiga solitária no piso branco da parede. Ela está levando o caminho dela a sério, quem o banaliza sou eu aqui de cima... A única certeza que tenho é que a gente não pensa sobre o destino de outros porque a gente não sabe nada sobre o nosso próprio destino e é mais fácil matar o que não entendemos do que destinar um olhar novo sobre o que nunca enxergamos de fato. Dessa vez eu deixei a formiga seguir o seu destino e não a esmaguei com a ponta dos meus dedos como fiz em vários momentos da minha curta jornada, eu pensei que Deus pode ter feito a mesma escolha com relação a mim.
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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

PERFUME, SUOR E BRISA

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PERFUME...
O que recobre o teu corpo é a mesma película incompreensível que "aplacenta" a sua alma
A mesma essência amadeirada das árvores mais frondosas
É por dentro e por fora feito de tudo o que sopra forte, intensamente apressado...
A perfeita companhia para transitar entre o céu e o inferno
Ainda que na dor, a certeza de que ao teu lado não desespero
Do enxofre ao orvalho sem nunca deixar de ser agridoce
És o sonho que permanece mesmo quando estou acordado
SUOR...
Os teus poros deixam sair o sal que tempera o prazer
O que sai do seu corpo são as pequenas gotas do oceano que te inunda
Desse mar que te enfeitiça e te rege...
"Estrela do Mar" que ilumina as águas que conduzem o meu corpo a flutuar
Como um náufrago que abandona o medo e simplesmente se deixa levar...
É você e somente a você que entrego hoje os meus sentimentos mais sinceros
Talvez seja um impotente refém do costume...
Costume de buscar nas mesmas "coisas" a "coisa" maior...
BRISA...
O teu alimento maior é a combinação perfeita entre a imensidão do (A) mar
E as mil faces dos (E) ventos...
És a suavidade esmagadora que sopra para não deixar exalar o que há de pior
Ama com a delicadeza de uma respiração ofegante
Vive como uma ventania que arrasta o que puder...
A tua boca se faz brisa a percorrer os espaços resguardados do meu exterior
Herdeiro da luxuria que ilumina as noites com uma poesia inebriante
E transborda na face, de forma bela, a impressão de uma primeira vez eterna
Que sai como o uivo gostoso do ar movimentando-se com euforia
Eu poderia ser soprado por você todo dia
Para onde quisesse eu iria, de olhos fechados sem nunca me deixar voltar...
SUOR, PERFUME E BRISA...
A escuridão afastou-se quando você trouxe a luz que não mais me exaspera
Substituiu a necessidade que tenho do ar e me fez sentir que todo dia é primavera
Plantou no vazio do meu íntimo um campo coberto de flores...
Teu suor regou a minha vida e no meu peito nasceu um "AMOR PERFEITO"
Um que parece tantos amores, com perfume bom que se pode sentir ao longe...
E a brisa dos nossos desejos o transporta do meu pulmão para o seu
PERFUME, BRISA E SUOR...
Torna-se a melhor essência que possa exalar para acalmar o meu interior
Precipita-me o ciume quando vejo o mais suave toque do vento em sua pele
Fez-se a ave protetora dos meus olhos e todos os dias consigo sair do chão
Impregnado está o meu corpo pelo aroma que roubo da sua respiração
O teu suor é o perfume maior que a brisa do amor arrastou para dentro de mim...
Perfumada brisa que o suor do teu corpo cria para nos refrescar toda noite...
Enquanto o teu sour chegar com o perfume da birsa de um amor intenso, não haverá nada que nos leve para longe de nós

PERFUME, SUOR E BRISA...
Sempre entregues de alma e leves em pensamento.


ALGUMAS PESSOAS SÃO FEITAS DE ESSÊNCIAS, DE ELEMENTOS SENSORIAIS... PERFUME ME DIZ MUITO SOBRE A SUA ALMA, O SUOR SOBRE O SEU CORPO E A BRISA... A BRISA ESTA PODE NOS LEVAR PARA ONDE QUISERMOS.
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sábado, 8 de janeiro de 2011

O SILÊNCIO AMANHECEU O DIA

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Escuta o silêncio desta manhã que começou sem o som do nosso amor


Um gole de silêncio em jejum é tão letal quanto uma dose mínima de cicuta


O dia amanheceu em silêncio



Ou foi o silêncio que amanheceu o dia?



Os teus olhos ainda escondidos



Os teus ouvidos não queriam a mim



Apenas a melancolia das árias mais pungentes



Como se precisasse sublimar os pensamentos amanhecidos em dúvidas

Deu-me as costas para encontrar a tua solidão



Empurrando-me para o encontro da minha



Alguns pesares deveriam adormecer e nunca despertar no dia seguinte



Mas eu percebo que os males não conseguem nunca descansar profundamente



Estão sempre num sono leve



E a qualquer ruído despertam para não mais nos deixar dormir tranquilos



Agora ouvimos o som dos nossos silêncios



Ao pretexto de uma melodia que vem de um piano


O silêncio não é nada sutil

É arredio como a mais primitiva das criaturas

Como a mais cruel das torturas

Que possam nos dilacerar

Esse silêncio não é o mesmo para nós dois

Talvez se eu pudesse ouvir o silêncio que adentra os seus ouvidos nesta manhã

Eu entendesse em qual música eu poderia tornar

Em qual som ideal eu poderia me fazer para trazer-lhe de volta um amanhecer de felicidade.



NÂO HÁ BARREIRA MAIS DIFÍCIL DE TRANSPOR DO QUE A DO SILÊNCIO...
O SILÊNCIO IMPOSTO NOS RETIRA TODAS AS ARMAS PARA LUTAR.
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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

"AVIDAR"

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Aspiro você para dentro de mim

Aspirando uma vida que dure para sempre


Sei que esse tempo infinito é real na imaginação dos nossos sentimentos


Roubo a sua respiração para mim


Inspirando amor


Expirando insegurança e medos


Cheiro os teus olhos para prender o doce aroma com que me olhas


Quero guardá-lo na minha possível eternidade


Carrego para dentro todo o ar carregado de desejos


O teu amor aquece os meus pulmões com o seu calor de mistério


Impregna-me com a necessidade de querer para sempre


De apostar desmedidamente no tanto


Você se faz brisa todas as noites


E toca o meu íntimo com a delicadeza de uma água corrente


Descongestiona-me o peito


Expectorando as expectativas mais tranquilas da minha alma


Renova-me os segundos convertendo as minhas imperfeições


Reinventando as minhas virtudes


Desordenando os meus defeitos


Sou com você o homem imperfeito com maior perfeição do mundo


Habita tranquilo onde te coloco seguro


E abre a janela da minha retina para sentir sopros de felicidade


Ultrapassa tudo o que sei...


Ratificando a certeza de que nada sei sobre o que possa ser amar


Seguirei roubando a sua respiração


O mesmo ato ilícito até que possa purificar o destino


E fazer de tudo o que aspiro a minha inspiração única


Para que assim, como uma respiração ofegante de prazer...


O nosso amor possa por toda vida se "AVIDAR".
"AVIDAR" é deixar A VIDA ser regida de forma ávida pelo amor, da mesma forma imprescindível que é regida pelo AR
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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

SURPRESA

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Quando a surpresa me precipita ao desconforto
O silêncio me seqüestra para dentro dele
As palavras esqueço, as vontades inexistem
Exceto a que me grita para fugir
Não há nada pior do que o desequilíbrio
Sou como uma flor embrutecida
Que quando se abre sem maldade
Fecha-se rapidamente com o inesperado
Uma rosa sentindo na pele a dor dos espinhos
Defesas são ataques que muitas vezes nos arrebatam
Transfiguro a claridade em noite quando sinto ameaças
Não desejo amores que sejam sombras
Talvez por isso mesmo percorra a casa no escuro
Prefiro as sensações que não precisam da iluminação
Ter amor é tão cruel quando não tê-lo
Ambos nos causam um desmantelo na alma
Um por excesso de necessidades que não calam
O outro pela sensação apressada e desmedida de solidão
Há muita fragilidade nos extremos desse sentimento
Por isso mesmo escrevo os resquícios de uma discussão de relacionamento
Que chega sempre de surpresa para me fragilizar
É dolorido sentir-se desabrochar sem medo
E sentir cravadas no peito as palavras ditas pela pessoa amada
Não há pior facada a perfurar a nossa frágil emoção
Vivo de energias, a sincronizar as mais leves fantasias
Que parecem no mais suave golpe desmoronar
Ainda bem que da mesma forma que desmonta
O amor sabe se reestruturar
As mesmas palavras que matam são as mesmas que podem nos ressucitar.
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sábado, 1 de janeiro de 2011

A BAILARINA DO LAGO

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Uma borboleta pousou sobre as minhas pálpebras

Jogou o "pó do mistério" sobre elas

Que mesmo tendo os olhos roubados pelo Falcão Dourado eu pude enxergar...

O mistério tem tempo determinado para desaparecer

Então, era preciso correr contra o tempo

E ver a beleza fugaz das coisas ainda não permitidas a mim na cidade dos sonhos
Subitamente, a cegueira que me inundava desapareceu

Eu não abria os olhos mas conseguia enxergar com a minha alma

Neste momento eu vi um encantador de borboletas

Ele tinha uma máquina fotográfica no peito

Com ela capturava a beleza das borboletas e as conduzia para onde quisesse

Era extasiante ver como aquela máquina tinha o poder mágico de manipular as cores, as formas e os tamanhos das borboletas

O vi correr por entre as pedras da alta montanha que eu estava

E precipitei-me para não deixá-lo desaparecer de vista...

A procura desesperada por ele me fez perder a dimensão do pequeno espaço onde eu estava

Um tropeço me fez cair da grande montanha de pedras que choram todas a noites

Naquele momento, eu pensei que quando eu tocasse ao chão eu acordaria

Como acontece quando a gente está crescendo e sonha...

Mas eu não queria acordar... De repente borboletas gigantes seguraram os meus braços

E eu sentia que o sonho ainda não iria acabar, estava apenas no começo

As grandes borboletas com cores ainda inomináveis me conduziram até o encantador de borboletas

Tomando a sua máquina nas mãos, ele disse:

- Você sabe o que acontece quando eu clico neste botão?

- As coisas belas são aprisionadas, certo?

- Errado. As coisas belas são reveladas.

- Pensei que as coisas belas fossem explícitas neste mundo.

- Neste ou em qualquer mundo a beleza não alcança a dimensão perfeita do olhar...

- Que lugar é esse?

- Um lugar onde os mestres da cidade dos sonhos não podem me encontrar, eu sou procurado por todos, perseguido por mostrar as coisas mais preciosas da cidade dos sonhos a quem não tem autorização para isso... Mas eu acho que toda beleza precisa ser libertada!

- Eu não acredito que ainda possa existir algo belo que não seja livre por aqui.

- Vem comigo!

O encatador de borboletas clica na máquina do seu peito e um flash de luz traz duas grandes borboletas corujas para nos conduzir.

- Vamos entrar num lugar muito sombrio, precisamos de borboletas acostumadas com as sombras dos desejos.

Elas nos ergueram e adentraram num vale sombrio, um caminho que eu não conseguia enxergar. Apenas sentia a sensação do vento, das folhas das árvores... Sem menos esperar, o meu peito foi envolvido por uma sensação de corda a apertar, como se alguém pressionasse forte, porém suavemente o meu coração com a duas mãos. Surgia uma vontade de chorar com gargalhadas e rir em prantos ao mesmo tempo. Antes que eu transbordasse esse sentimento, a escuridão passou, dando lugar a um céu lilás... Quando me dei conta, estávamos pousando numa pequena ilha em meio a um lago de cisnes lilases, onde dançava uma pequena bailarina solitária. Ela era bela, diferentemente bela das outras bailarinas que já havia visto dançar... Todos os cisnes eram espectadores dela, ao seu redor formavam uma plateia timida ofuscada pela incomum beleza da vida. O encantador de borboletas se aproximou de mim, percebendo o meu deslumbramento.

- Algumas belezas incompreensíveis moram em ilhas nunca exploradas.

- Acho que entendo de onde vinha essa sensação que me invadiu...

- Bem vindo à "Ilha da saudade"

- Como eu não pude reconhecer esse sentimento? Acho que é porque nunca senti...

- Quando a saudade chega nunca mais nos deixa...

- Do que ela sente saudade?

- Saudade de uma vida que ainda não viveu... É difícil entender como uma criatura pode ter saudade de algo que ainda não teve, mas essa é a pior saudade que se pode sentir.

Eu olhava a felicidade nostálgica com a qual dançava aquela bailarina de corpo incomum, parecia ter peso, mas era leve como um balão cheio de ar, doce como um algodão, alva como uma lua cheia... Uma concentração que nos arrastava para dentro da sua dança. Por um momento parou num salto suspenso e olhava para as águas do lago como se visse algo que te trouxesse uma lembrança muito preciosa.

- O que ela está fazendo?

- Toda vez que ela vê o seu reflexo no lago muitas coisas passam pela cabeça dela... É o momento onde ela percebe que é única e está protegida dos olhares maldosos do mundo. Vê os cisnes, eles sempre foram a projeção perfeita de uma bailarina, mas eles são todos iguais... E aqui percebem a força que existe quando se é diferente... Quando percebem que a diferença é que nos torna reais.

- Agora entendo... Ela vive aqui solitária porque a sua beleza ainda é abafada lá fora. Eu pensei que apenas os olhos dos HOMENS-GENTE é que estivessem despreparados para lidar com a beleza, mas agora sei que basta ter olhos para deixar de ver o que é importante de verdade.

- E pra quem ela dança? Sempre dançamos por algum motivo.

- Ela dança por um amor ainda não encontrado e por ele dança com saudade.

- Você poderia ajudá-la.

- Eu?

- Você não revela a beleza? Mostre para ela o que procura... Permita que ela sinta saudade do que tem, não do que ainda é apenas desejo.

- Não foi por acaso que as minhas borboletas chegaram até os seus olhos... Você é o menino-gente com olhos de poesia.

- Você e suas borboletas me fizeram enxergar de olhos fechados... Faz com que ela ame de olhos abertos.

Neste momento o encantador de borboletas se aproximou do lago e fotografou o reflexo da bailarina na água. Um flash de luz tomou toda a dimensão do lago e contaminou todo o céu mudando a sua cor para um azul imperial. Da água um príncipe negro com olhos de rubi saiu com os pés sobre dois cisnes que o conduziram até a bailarina solitária... A saudade se escondia nos seus olhos dando espaço à uma felicidade de realização. Duas belezas incomuns dançavam sem desrespeito na ilha da saudade, livres da nostalgia daquilo que ainda não se viveu.

Deixamos os dois naquela pequena ilha que não cabia mais ninguém... Eu fui conduzido de volta para o alto da montanha de pedras que choram. O encantador de borboletas e eu tínhamos um segredo que nem com cem anos contarei a alguém.

DEDICO ESTE POEMA A FERNANDA MATOS - FÊFA



Uma bailarina linda, uma mulher que vive muito por dentro, antecipando a vida que ainda não chegou.















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