segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ÁLBUNS DE FELICIDADE

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Você que hoje é o meu presente
Não quero nunca te ver como um álbum de recordações

Espero alimentar com a sua imagem novos álbuns todos os dias

Que os momentos de partilha sejam boas fotografias que expomos em espaços virtuais

Sem nunca deixar o real desaparecer...


Talvez essa seja uma forma de gritar para o mundo que nada pode ser alterado


Que o destino não mexa no que estampamos com tanta entrega e verdade.

É fato que todo minuto é partida

Mas podemos ser jornada sem nunca perdemos um ao outro

Podemos ser o amanhã nos tornando sempre o hoje

E o ontem ser apenas a certeza de que o novo dia é sempre melhor a dois


Tenho percebido que o passado me encanta com a mesma força que me amedronta


O seu regresso precipita em mim um retrocesso de sentimentos que pensei não conter


Confesso ter medo do seu passado...


É como se o que passou não tivesse ido tão longe assim


Sinto um assombro infantil, como a sombra na parede que a gente escolhe o que vê


E quando a gente cresce percebe que nada a gente tinha a temer


Ou ao menos os nossos medos mudam de forma e motivação

Eu sinto um pavor imenso de hoje ser uma história velha e repetida que contará a alguém que pode vir depois...

De me tornar um fantasma de passado a assombrar um novo amor seu...

Continuar sendo parte desse ciclo sem fim de amores fracassados que só servem como história para gerar ciumes e insegurança.

Eu sei que o passado sempre volta numa falsa contrução de futuro livre


Saber a origem dos monstros na minha retina


Em nada tem amenizado os meus medos


Sinto que do passado de dois corações que se cruzam

Somente os álbuns familiares podem ser compartilhados

Sem causar estranhamento e instabilidade

Bem sei que nem todas as fotografias contém sorrisos sinceros

E que a dor nunca aparece num retrato colorido

Uma fotografia nunca expõe toda a complexidade de um momento vivido

E jamais revelará o que ocultamos por fragilidade

Mas ao menos todo sorriso existe

E essa existência nos intriga a sua descoberta

Ás vezes até mesmo quando a dor não nos liberta

O sorrir vem a nos aliviar... E quando ele vem de uma doce lembrança

Quando há nele o brilho sincero de um amor bom

É como um batom que faz o contorno na boca para o seu encanto sobressaltar

Penso que a gente perde muita coisa por medo de perder

Que não fazemos realmente a vida acontecer como poderia se não pensássemos no pior

Mas cada um sabe quanta mágoa e fracasso já preencheu as suas molduras

Eu saio todos os dias na tentativa de prender a felicidade numa fotografia

Como quem quer firmar um estado D"alma no "pra sempre"

As mágoas estão postadas num álbum que não conseguimos "DELETAR"

O máximo que podemos é permitir o acesso dessas dores a poucos amigos



Logo, todo passado será sempre uma camada sobreposta de vida



Que quando por vezes a cola não prendeu tão bem a nova fase anexada



Deixa soltar a página... E a gente querendo ver sem querer... Descobre o que não devia



A gente lê a repetição de erros que preferíamos não enxergar



E a mágoa invade um momento que não podia se contaminar com o que foi um dia e não é mais


Ou seria?


Sei que mensagens inesperadas também possuem um impacto cruel


E a gente conhece nomes, rostos e lembranças que não estão em territórios que dominamos

Nós sabemos que onde não há controle somos puro instinto e fuga...


O passado são como fotografias que revelamos

A diferença é que sempre as guardamos sem nunca conseguir rasgar

Mas eu que sou analógico e crônico

Sei que ás vezes o bom é se render a ilusões digitais

E acreditar na constante evolução da imagem projetada para dentro

Perpetuando no mundo virtual a textura real de momentos possíveis

Agora sei porque gosto tanto de fotografias

E nunca a satisfação encontro no que vejo

É por acreditar que sempre haverá um melhor retrato

Que a fotografia tirada no segundo seguinte pode ter melhor enquadramento

E assim eu vou enganando o tempo...

Empurrando o passado um pouco mais

Enquanto preencho com o amor todos os

dias...

Vou colecionando nos álbuns da minha vida os momentos especiais

Tentando desfocar nossas histórias já percorridas

Brincando de inventar um presente eterno...

Querendo que o passado nunca me coloque para trás








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