terça-feira, 9 de dezembro de 2014

AO POETA ARARIPE COUTINHO

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Quando um poeta morre
Um pouco da sensibilidade do mundo morre também
Afinal, todos os que nascem predestinados a semear palavras
Não o fazem para si apenas
Fazem isso como um generosidade ancestral
Quase que por sina... Numa tentativa de transportar aos olhos...
As mensagens suspensas que nem todos conseguem ouvir
Os poetas são catalisa"dores"
Transformam as dores em pensamentos
Numa reação contrária ao desejo primeiro
Porém, a natureza é sábia...
E cada vez que um poeta precisa partir
Uma beleza nova emerge em algum lugar
E alguém irá enxergá-la e será salva
Porque essa é a função da poesia
Mas seria muito bom que todos os poetas tivessem realmente uma credencial para a eternidade
Não a simbólica... Mas a eternidade impossível aos homens
Dessa forma o exército dos que acreditam na resiliência seria insuperável
Mas deve haver alguma razão no mistério do adeus
O importante é que uma poesia plantada na alma
Germina... É a única flor que nunca morre
Um poeta morreu
Mas as flores que ele plantou não precisarão cobrir o seu corpo
Elas nunca estarão ao acesso das mãos
Serão sempre contempladas com o olhar

Ewertton Nunes

EM HOMENAGEM AO POETA ARARIPE COUTINHO
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NÃO ABRO MÃO DA CHUVA

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Eu não abro mão da chuva no dia em que eu partir
Desde criança o céu me dava indícios de partidas importantes
Como se de alguma forma algo no universo refletisse a perda terrena
Quando a minha última mala for arrumada
E a partida for confirmada no terminal do tempo
Quero que o céu também se compadeça
Mas não quero a chuva para aliviar
Como acontece em dias de calor
Quero a chuva para que dancem embaixo dela
Para que ela componha uma bela fotografia
Na última imagem que ficará na memória dos poucos que me viram partir
Os únicos que me viram de fato ser aquilo que nasci para ser
Eu não abro mão da chuva...
Ainda que não possa mais sentir a sua chegada
Pois a minha pele não mais terá essa sensibilidade
Em algum lugar, de alguma forma...
Vou me alegrar com a sua visita no dia em que eu partir.

Ewertton Nunes
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A MAIOR DE TODAS AS INJUSTIÇAS

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Às vezes vemos a morte como a justiça para alguns homens...
Como se a maldade tivesse um peso e uma medida
E em contraponto a isso somente a morte desperta a bondade nos homens
O olhar generoso e desprovido de julgamentos
A paz que emerge do medo que se tem do invisível
Talvez a solução para o respeito às diferenças
Esteja em olhar o outro sempre postumamente
Como se ele partisse todos os dias
Assim, apaziguar-se-iam todos os conflitos do caráter
Todas as línguas e mentes hesitariam
E todos teriam seus pecados lavados 
Como numa espécie de excomunhão da vida
Não existe verdadeiramente uma compensação adequada para o mal ou para o bem
Não existe justiça alguma que seja justa com a natureza humana
A única coisa que é real são as injustiças que herdamos
E a maior de todas as injustiça está em nascer

Ewertton Nunes

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