quinta-feira, 23 de junho de 2011

APARTE DE PARTIDA

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Quando parte alguém que se ama





Em partes doloridas fica o coração




Repartidos foram os dias




O tempo pára e nos foge das mãos




Em parte sou tristeza




Em um aparte existe melancolia




Que parte restará se vai uma a cada dia?









De pedaço em pedaço decomposta fica a minha ilusão




As partes mais importantes nos deixam em cacos




Reunir as partes depois de uma partida




É ter um remendo constante a cada nova vida




Restaurado com lágrimas serei



Ainda mais frágeis seguirão os meus anseios



Vaga sensação que antecipa a minha partida




A parte que agora resta




Chora no canto escuro a parte ficada





Num aparte insone crio silenciosos textos no escuro



E toda noite penso sobre amores perfeitos



Partes de um sonho infantil que nunca se completa




Qual parte nunca mais reviverei?




Juntas em partes desmembradas ficam as lembranças que nunca vão partir



Partir deve ser uma atitude de início



Ou será sempre o destino de todo fim?





Todo dia é partido, nos despedimos das horas, das palavras, das sensações...




Enquanto fico e não parto




Vou parindo poesia, essa é a única esperança na qual acredito



A única capaz de ficar quando eu partir.

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CORREÇÃO

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Deixa eu corrigir:



Não sou mensageiro das novidades


Eu sinto as que são trazidas para mim


E como um espelho me faço...


Em mim se observam os movimentos de outros


Você reflete o que eu vejo
Sentindo aquilo que é você





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segunda-feira, 20 de junho de 2011

TESTANDO UM RECURSO

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domingo, 19 de junho de 2011

QUE BOM CHEGAR AQUI!

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Que bom que consegui chegar aqui!
Percebe quanto espaço há dentro de um poema?

Não existe nada nem a cima ou abaixo que crie em mim a ideia de medo

Nada aqui é imposto

Uma existência perfeita para os meus devaneios

Eu posso escolher a cor de tudo o que projeto para fora...

Aqui eu sou o Deus que cria e dá nomes ao que ainda não existe

O meu mundo branco como um papel limpo

Mas não branco como conhecemos

Mas um que é ausência e intensidade de luz

Olho em volta e não consigo ver começo ou pensar em fim

Que bom que só acaba quando eu quiser...
O tanto de possibilidades que se encontra, é maior até do que precisamos para viver, para ser, para prosseguir...
Tão delicioso é deitar nessa imensidão branca
Esse vazio e esse invisível são tão acolhedores como a mais macia cama
Como o mais generoso peito o qual já deitei
É difícil imaginar a minha existência sem esse lugar tão...
Ai, não sei... Não há essa palavra ainda, não pensei sobre ela
Mas já surge um nome ideal para descrever a sensação de chegar aqui e ficar...
Um dia eu ainda construo uma casa por aqui
O melhor é saber que ela poderá ser do jeito que eu quiser
Com cores inventadas por mim
Se número na porta, pois, nunca me encontrarão mesmo
E poderei trazer apenas o que eu quiser
Quem eu quiser...
Afinal, esse é um lugar feito de pensamentos e só
Vou deitar andar um pouco em silêncio agora por essas terras de paz
E sentir o cheiro que só existe aqui
O cheiro dessa liberdade que só aflora dentro de um poema.
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sábado, 18 de junho de 2011

OBSERVATÓRIO DA DOR- ÁGATA - a primeira PEDRA DOS SONHOS - (PRIMEIRA PARTE)

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Eu sinto que estou crescendo, pois, torna-se mais difícil ingressar na cidade dos sonhos. Preciso encontrar uma forma definitiva de nunca esquecer daquilo que é essencial e me permite ser transportado para a dimensão mais fundamental do meu inconsciente. A noite passada adormeci com uma forte dor de dente, acho que toda troca é invasão e toda invasão nos machuca muito.


Meus dentes estão perfurando a minha pele pedindo para existir e eu tenho que suportar suas dores para poder irradiar sorrisos depois, mas adormecer em gemidos me levou à cidade dos sonhos de uma forma obscura. Sonho com dor é pesadelo... Foi a primeira vez que não pude acompanhar a sublime aparição daquele reino tão esperado por mim todos os dias. Eu simplesmente me dei conta de estar lá quando fui apanhado por uma imensa rede e arrastado para o centro da terra, cada vez mais fundo... Eu não conseguia ver nada, pois, a velocidade era tamanha, sentia apenas o meu pequeno corpo envolto numa espécie de teia.


Sentia-me estranho, algo inusitado acontecera, mas eu não tinha medo, talvez, por gostar do nada e saber que só não gosta do nada quem não entende a grandeza do vazio.
Enfim cheguei há algum lugar, não podia ver, não havia luz. Senti que a rede afrouxara como se desejasse que eu conseguisse me soltar dela sozinho, afinal, algumas amarras são somente nossas e se livrar delas é nossa responsabilidade. Consegui então sair e ousei tatear no escuro, mas era uma escuridão ainda mais sem saída do que qualquer outra que ja tenha mergulhado. O pior de andar sem o auxílio dos olhos é que precisamos dar visão há tantas outras partes nossas que ainda não dominamos.
Enfim ouvi fortes zunidos e ao longe consegui ver pequenas luzes que se aproximavam rapidamente, eram grandes libélulas iluminadas que chegavam... Começaram a dançar em círculos sobre a minha cabeça e como um indicador de caminhos começaram a traçar um percurso, eu sentia que desejavam que as seguisse, assim o fiz.
Depois de andar por algo que parecia um túnel, extremamente frio, onde se acentuava uma dor que eu não conseguia nem sentir por completo, pois, parecia nao ser oriunda dos sonhos, mas da minha realidade adormecida... Voltei a ficar inteiramente no breu, as libélulas desapareceram num sopro. Mas logo pedras negras fluorescentes, que se assemelhavam a algo que conhecia, abriam e fechavam a todo instante, iluminando e escurecendo o tempo todo aquele lugar, mas com a luminosidade suficiente para dar desenho ao que seria uma imensa caverna. Comentei em voz alta e me assustei com a inesperada resposta:
- Essas pedras parecem...
- Olhos de gato. Não existe nada mais atento à tudo do que olhos de gatos.
Montado sobre um gato vermelho surgia uma criatura encapuzada, com um cajado grande em uma das mãos, também incandescente. Eu nunca antes vira um gato tão grande, nem uma criatura tão sombria.
-Seja bem vindo, menino com olhos de poema.
- É assim que me chamam na cidade dos sonhos... Mas ainda estamos dentro dela?
- Claro, nem tudo na cidade dos sonhos tem a aparência ideal, existe outra camada oculta que todos renegam, o pesadelo, tão fundamental ao equilíbrio do inconsciente. O pesadelo não deixa de ser sonho, é apenas uma forma mais arriscada de sonhar.
- Então, estou em um pesadelo?
- Não necessariamente... Você está num estágio transitório, a dor te trouxe até aqui. Quando adormecemos com dor não se vai tão longe, nem se fica tão na superfície. Mas de qualquer forma eu tive que te resgatar. Você poderia ter passado por situações muito desagradáveis. Neste estágio de perturbação que mergulhou, você poderia se tornar um ser indesejável por aqui.
- Onde estou exatamente? E quem é você?
- Você está no “Observatório da Dor” e eu sou um “ObservaDOR”. Eu rastreio as dores mais silenciosas, a sua era de uma agudez tão incômoda que poderia despertar os Dragões dos “Piores sentimentos do Mundo”, adormecidos nas profundezas dos sonhos. Por isso trouxe você para cá o mais rápido possível.
- Aqui realmente me sinto melhor.
-Você encontra aqui o conforto temporário, até que as energias negativas emanadas pela dor se dissipem, mas precisa estar protegido dentro e fora da cidade dos sonhos se quiser regressar. No seu mundo existe muita dor.
- Sim. E as dores não são tão suportáveis como a de uma dor de dente. Dizem que algumas até são capazes de abalar estrelas.
- Temos consciência disso. Muitas estrelas já cairam por causa dos “Homens-Gente”, mas você único mensageiro capaz de transitar entre duas realidades antagonicas e complementares, não pode nunca se deixar desaparecer na dor.
- Como posso fugir dessa condição? Também sou herdeiro de pobrezas.
- Espere... Tem alguém que possui essa resposta. Sou apenas um ObservaDOR, não compete a mim a entrega de “Virtudes”.
- “Virtudes”? Não compreendo.
- Compreenderá.
O “Observador” sentou no grande gato e desapareceu em um dos flashs de escuridão. Uma grande confusão ainda agitava os meus pensamentos, novas descobertas sobre o universo dos sonhos me fazia cada vez menos compreender o que havia além do cerrar dos olhos. De repente todos os olhos de gato se fecharam e mais uma vez fiquei preso na escuridão, mas não demorou para que um “Capricórnio” reluzente aparecesse. Devolvendo uma luz de sublimação à todo aquele lugar. Tão lindo era, tratava-se de uma envelhecida cabra branca com chifres de Ouro de causar êxtase ao olhar.
- Que estranha sensação sinto quando olho para você.
- É a empatia dos que possuem alma envelhecida e os sentimentos mais nobres de um recém nascido.
- Você é...
- Sou uma projeção da sua natureza. Habito numa esfera muito resguardada do seu universo mais sensível, sou eu quem rege os teus olhos e o teu coração.
- Agora entendo o que o ObservaDOR quis dizer com “Virtudes”. Não se ofenda no que vou dizer, mas não sei afirmar serem virtudes as características que carrego em mim. Por vezes alguns impulsos da minha essência machucam muito a mim.
- Peço desculpas pelas nuances de tudo o que desperto em você. Mas sinta cada traço seu como um dom. Se te machucam as virtudes é porque possui uma capacidade curativa dos mais nobres seres.
- Por que vive aqui no "Observatório da Dor", você também é um ObservaDOR?
- Não. Eu sou um “CaçaDOR”, a minha função é neutralizar a dor, já que extinguí-la seria impossível e um erro.
- Um erro?
- Sim. A dor serve para nos alertar, ela é como a escuridão, só vamos enteder a importância da ausência quando o excesso nos invadir. E dor é excesso de sentir.
- Por isso tudo aqui é tão escuro... Eu entendo também que a escuridão nos ensina a importância de ser “adaptável”. Quando os olhos parecem se acostumar ao negro do espaço, a luz rompe tudo, nos fazendo sentir a violência necessária da adaptação.
-Exato. Essa característica maior você já carrega em si, por força daquilo que herdou de mim. Sou o teu regente e guia. Mas veja... O maior duelo que tavará, será sempre o de abrir mão de uma das duas coisas mais latentes em você.
- A razão e a emoção.
- Isso. Você sentiu o frio que amplia dores?
- Antes de entrar aqui, sim.
- Esse frio não pode ser confundindo nunca com morte. A sua maturidade precoce coloca diante dos outros, falsas impressões sobre os seus sentimentos. E o muito que existe em você se esconde, por isso, cuidado com as suas proteções excessivas, elas não podem ser nunca uma barreira intransponível que impeça acesso ao teu coração.
- Entendi... Não posso nunca deixar de sentir, ainda que a dor me ensine as defesas.
- Exatamente isso. Você é mesmo um dos meus filhos. Detentor da ancestralidade da “terra”. Tenho algo para entregar a você.
Ele levantou suas patas dianteiras e o brilho de todos os “olhos de gato” se desprenderam rumo ao centro da caverna, um redemoinho de milagre começou a se formar em minha frente, todos aqueles pontos se fundiram em uma linda pedra azul, um azul quase negro, que pousou em minhas mãos. Eu pude ver imagens dos meus antepassados adentrarem o centro da pedra, uma beleza tão indiscritível que me fez chorar sem dor alguma.
- Esta pedra é a “ÁGATA”, uma pedra secular que traz sorte e você deve levá-la junto ao peito. A primeira de uma série de preciosidades que encontrará em sua jornada. Com ela você vai ressaltar ainda mais a faculdade de distinguir entre os verdadeiros e falsos amigos. Será preciso que medite profundamente quando precisar da interferência da pedra, e ela interferirá no chakra do seu coração, te dando mais conhecimento e firmeza. As dores mais crônicas se tornarão transponíveis.
- Dessa forma eu posso me manter digno da cidade dos sonhos?
- Não existe nenhuma certeza sobre qualquer coisa que exista, essa é outra verdade que nunca pode esquecer. Para que não esqueça do que ouviu aqui, essa pedra se transformará em um gato companheiro no seu "mundo de gente", sempre que regressar à cidade dos sonhos, ele retornará à sua face de “ÁGATA”.
- Tentarei nunca esquecer a importância dessas verdades.
- Basta nunca esquecer que verdade é um caminho sem fim.


Após dizer isso, desapareceu na escuridão que tomou a caverna. Eu continuo preso nesse “Observatório da dor”, esperando a hora de poder regressar.




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Um conto para todos os capricornianos. Almas que assim como a minha possuem a sina de ter nascido com cem anos à frente.


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quinta-feira, 9 de junho de 2011

UMA PROFECIA DE AMOR

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Eu não queria escrever apenas uma carta de amor


Quero para além disso escrever uma profecia de vida


Que inclui uma infinidade de premissas aparentemente tão rejeitadas no mundo


Acima de tudo expor a oferta mais despretensiosa do meu coração


Não há um dia desde que te encontrei que não pense sobre encontros


Mas não sobre qualquer um, e sim, a respeito desses que são prolongados e agridoces


Com o sabor e a textura ideais para se ter equilíbrios


Desses que são mergulhos predestinados na camada mais líquida dos nossos destinos


Prefiro não me prender na efemeridade de uma carta de amor


Mas fixar-me num tratado de manutenção de tudo o que sinto e desejo ao seu lado


Continuo a escrita da minha profecia, determinando a construção de uma terceira vida onde caibam dois


Um vida que não seja nem tão minha e tão pouco toda sua...


Mas que seja um pedaço de cada um de nós...


Um pouco desse muito que nos completa


Das coisas mais interessantes que possuímos


E que compõem a nossa natureza e imprescindível essência


Não quero tão somente as tuas virtudes, pois, aprendo mais em contato com aquilo que estranho


Quero não a perpetuação, que é condição imutável do tempo


Mas a transfiguração, que é condição nômade da beleza


Quero que os dias sejam como uma caixa de sonhos


Onde depositemos com verdade e perseverança os ideais de partilha, amizade, romantismo, lealdade, entrega, resistência, respeito, superação...


Sejamos precursores de um amor apaixonado que nunca perde a força


Onde a dimensão de tudo seja sempre a maior


Que a intensidade seja a saúde no excesso


Nunca permitindo que a ausência nos adoeça o cotidiano


Quero construir contigo um reino onde a tolerância realmente seja uma dádiva


E a violência não seja, nada além, do que um passo à frente para novos campos ainda inexplorados


Não vou pedir que os nossos olhos deixem de ser chama


Pois onde há fogo, o calor aquece a vida


Almejo apenas que por detrás das nossas retinas haja sempre a consciência do outro que há em nós


E que olhar seja sempre uma forma de rebater a nossa consciência


E todos os nossos atos, mesmo os mais silenciosos e "invisíveis" estejam encobertos por muito cuidado


Quero perder a noção do tempo, pois contabilizá-lo é indício de não valer apena


Quando chegarmos longe, que desejemos ir mais longe ainda


E se o fim nos surpreender, seja ele uma perspectiva do "para sempre" ou do "até logo"


Que não nos reste a menor sensação de tempo jogado fora


Nessa aspiração de futuro que agora escrevo


Deixo também o registro de uma vontade maior do que eu


A de escrever novos pensamentos sobre você todos os dias


E mesmo que por vezes se assemelhem a lamentos e lamúrias


Sejam sempre movidos pela presença real de um profundo sentimento


Que cada vez mais não caberá dentro do significado da palavra amor


E será preciso que eu firme parceirias com o universo na construção de novos nomes a todo instante


Outras denominações para contemplar o que seja amar você dia após dia...


É a minha inquietação em ser sempre mais que me faz dizer:


Não quero me contentar com a passageira mensagem de uma carta de amor


Tantas vezes já destinadas a tantos outros amores


Para ti, meu amor "presente"... Minha imperfeição mais ideal...Pássaro dos sonhos que ainda não entende o seu domínio sobre o meu céu... Minha viagem sem desejo de regresso... Meu sabonete no espelho... Minha poesia renovada em prosa...


Com você eu quero a profecia de um amor que prolongue todas as estradas e e nos faça ,um para o outro, sempre realidade.


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Bem aventurados os que morrem de amor pois esses já conheceram todos os caminhos que conduzem aos céus.


Ewertton Nunes




FELIZ DIA DOS NAMORADOS!




AMO MUITO VOCÊ!
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quarta-feira, 8 de junho de 2011

SONHOS BRANCOS

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Esta noite sonhei com caixões brancos... Eram três




Os resgatava em meio ao mar...




Os rostos eu não consigo lembrar




Só lembro que estavam vivos e eu os reconhecia




Ao menos quando estava dormindo...






Acordado desapareceu a certeza, o que eu sonhei era agora uma vaga lembrança






Mas fiquei com a sensação de que algo puro iria morrer ou já teria fenecido






Não entendo de sonhos e significados






Mas esse me parece um prenúncio de que a vida (mar) pode prender para sempre o que eu ainda considero bom para a minha vida.






Alguns sonhos lembro até hoje e todos de certa forma possuem uma relação com a pureza






Como naquele que eu estava pendurado ao centro de uma sala amarrado pelos pés






Eu estava vestido de branco.






Era noite, em uma praia. Eu quase posso sentir a sensação do vento






Nos quatro cantos da sala velas, tembém brancas, apagadas






Eu ali de cabeça para baixo, com uma bacia cheia de água abaixo de mim






Em volta uma moça trajando branco me olhava com carinho






Em um dado momento do sonho eu chorei e as minhas lágrimas cairam numa bacia






Imediatamente todas as velas se acenderam e ela feliz disse:






- Eu não disse que ele era de São Valentim.






Foi a primeira vez que ouvi falar nesse Santo.






Dias depois vi na televisão que se tratava do santo dos Enamorados em alguns países.









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sábado, 4 de junho de 2011

A RAINHA DO PALÁCIO DE ESPELHOS

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Hoje olho para este espelho e sinto saudades da minha última visita à cidade dos sonhos




A que realizei montado em cavalos alados




Desta vez o pássaro dos sonhos tinha se transfigurado em pégasus galopantes




Pois havia muita urgência, e era preciso a transfiguração mais veloz da beleza para que a viagem durasse o tempo de um piscar de olhos




Apesar da grande fugacidade das imagens que não chegavam a se completar perante meus olhos de "menino-gente", era possível ver que em nuvens os pégasus pisavam com uma suavidade aparentemente impossível




Havia muita urgência no bater daquelas asas




Ainda que tão alvas como o mais belo amanhecer, eu conseguia ver a ansiedade ritimando o cavalgar daquelas lindas projeções do grande pássaro dos sonhos




Dividido em tantos para mostrar a grandeza de ser um em muitos




Enfim... Quando finalmente as imagens começaram a desacelerar




Eu percebi que estava me aproximando de uma linda ilha de espelhos




O mais belo era o contraste do mangue, ele a cercava por todos os lados




E era rodeada por grandes caranguejos




De tamanhos tão assustadores como nunca antes vira na vida




Eu pude ver como agora o meu reflexo pousar




O grande pássaro dos sonhos voltara a sua condição anterior




E me escoltava para o centro daquele quadrado de espelho, aparentemente sem razão.




- Qual o sentido desse espelho no meio do mangue?




- A beleza não precisa fazer sentido... Você não percebe que dessa forma o céu se aproxima um pouco do chão?




- Verdade. Mas é injusto que o mangue também não seja refletido lá em cima, afinal a beleza dele é menos aceita, e talvez fosse possível vê-lo refletido em alguma nuvem, respeitaríamos mais a sua razão de ser.




- A sua sabedoria e capacidade de ver a real natureza das coisas é que te faz meceredor das cidade dos sonhos.




- Não sou sábio... Não vejo a razão desta ilha. Por que estamos aqui?




- Você já viu... apenas não enxergou... Olhe para baixo. O que está vendo?




- Nós dois refletidos no espelho.




- Olhe além de nós, deixe de se enxergar e encontrará o sentido de ser reflexo.




Naquele instante eu percebi que enxergar além de nós é algo que ao primeiro olhar é impossível, mas basta um pouco de generosidade e um mundo inteiro se constrói em nossa frente. E foi assim, de repente a minha imagem desapareceu no espelho e um grande palácio de espelhos emergiu erguendo a ilha. A transfiguração durou apenas o tempo do meu espasmo de surpresa... Rapidamente um reino inteiramente feito de espelhos cobriu o mangue, cercado por muros brancos, tão grandes que seria impossível qualquer criatura viva entrar sem autorização.




Um papagaio de um verde intenso, rompe a imensidão branca arquitetada à nossa frente e se torna a segregante imagem da paisagem. Estendi o braço e ele pousou.




- A rainha espera ansiosamente por vocês.




Fomos conduzidos para dentro do palácio, o palácio que já era grande se ampliava ainda mais com os espelhos. Passamos por várias salas até finalmente sermos colocados diante da rainha. Tratava-se de uma senhora de olhar intrigante, não era possível olhar neles sem que me visse. Seus olhos eram também de espelho. Por isso tornava-se difícil olhar profundamente naquela rainha.






- Você é o menino-gente com olhos de poema, responsável por grandes transformações na cidade dos sonhos?



- Eu não penso ser responsável por nada.



- É na falta de pretensão que está o segredo da mudança... Quando menos pensamos afetar as coisas, mais as atingimos intensamente.



- Eu creio, majestade, que não possua nenhum poder para tanto, talvez uma rainha como a senhora possa ter dimensão do que causa, mas eu... Eu não sou nada.



- Esse é o maior equívoco... É preciso que se inverta o olhar para que se enxergue o verdadeiro poder. O que são os espelhos senão uma forma de se enxergar o poder?



- É por isso que tem tanto espelhos? Para se sentir poderosa?



- Os meus espelhos não servem para mim... Veja os meus olhos, o que eles refletem?



- A minha imagem.



- Pois bem... Como poderia eu enxergar a mim, se os meus olhos servem para que a imagem dos outros exista?



- Então não consegue se enxergar Rainha...



- Liah...



- Ilha... Até o seu nome é uma inversão da palavra "Ilha".



- O que quer dizer com isso?



- Liah é ilha de forma desordenada não é?



- É.



- Algo me diz que o seu nome não é a única coisa desordenada para parecer outra coisa por aqui.



- Se eu pudesse refletir os seus pensamentos agora, certamente leria uma porção de coisas que sempre hesitei ler.



- Mas um dia é preciso refletir a verdade. E é contraditório que uma Rainha de um Palácio de Espelhos tenha medo da verdade. A verdade não combina com espelhos.



- Prossiga.



- Não vejo razão em se morar em uma ilha de espelhos... Não consigo entender qual o sentido de ser ilha, habitar um mundo branco quando se pode ter conexão com tantas coisas coloridas. Posso fazer uma pergunta?



- Não tenho como impedir a voz sincera do teu coração.



- Foi por solidão?



- Difícil responder se a solidão é a construtora dos nossos palácios quando nunca se teve outra condição adversa na vida. Sei apenas que essas paredes multiplicam a menor presença que exista, os meus objetos viram muitos outros objetos e eu sinto como se houvesse companhia.



- E quando foi que inverteu os seus olhos, empurrando para dentro a parte mais sensível e trazendo para forma essa proteção que não permite com que se enxergue?



- É... Realmente você é a excessão necessária a qualquer mundo. Eu não sei... Talvez tenha sido alguma dor dessas que uma vez é o suficiente para que corrijamos a vida toda. Pode ver que não tenho muitas respostas para o que sou... Mas começo a entender que os meus espelhos refletem muito mais do que as aparências que tanto tentei usar como proteção.



- Você não precisa refletir nada que não seja espiritual... Traga o reflexo da sua alma para fora e as pessoas serão espelho dela. É preciso fazer uma inversão nas letras do seu nome, dos seus sentimentos, da suas motivações, para que a felicidade seja a sua imagem rebatida.






Neste instante eu vi que havia realmente feito uma transformação, a rainha estava certa quando disse que tocar não é uma questão de desejo... Os olhos de espelho da rainha se voltaram para dentro e eu podia ver a sua alma... Finalmente o seu poder ofuscava todos os espelhos, que pararam de refletir o material. Agora a Rainha aparecera quebrando qualquer imagem sem propósito.



Eu voltava para casa feliz... A compreensão daquilo que eu projeto diante do espelho se tornou muito mais clara para mim.



























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quarta-feira, 1 de junho de 2011

SEM NEXO... SEM SEXO

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Qual a pretensão de Deus quando aprisiona almas em corpos sem capacidade?
Quando se descobre um erro de fabricação dos céus a quem temos que reclamar?
Mas seria mesmo erro ou provocação?
Seria Deus então um grande agitador das imcompreensões?
Deus repartiu os sexos e fez o homem e a mulher
Tanto potencial só alcançou duas imagens?
Em que momento Deus desistiu de pensar e transferiu essa função para nós?
Só não imaginava Ele que o nosso pensamento não perdoa nada que seja diferente
Não, não creio que Deus tenha feito nada sem razão
Logo Ele que parece ser tão inquieto...
Tanto que experimentou inverter em alguns a ordem de tudo
Colocando almas em recipientes incompatíveis com as convenções
Fez isso sabendo que os olhos por Ele criados não tinham a evolução necessária para respeitar isso
Outra possibilidade nunca descartada, é a falta de criatividades para criar um terceiro sexo
Um que pudesse atender à complexidade de se carregar diferentes coisas em um só espaço de carne
Talvez o grande desafio de ser gente seja exatamente isso
Nunca haver certezas para nenhuma das maiores dúvidas que possuímos
Há uns Deus ofertou um corpo lógico
Outros herdaram a alma ilógica aprisionada em uma lógica física que não as contempla
Será então o Deus "imagem e semelhança" um ser ilógico como as suas criaturas?
Um Deus invisível como o terceiro sexo que vive escondido em carcaças desconexas?
Procuraria ele também, verdades que não conhece?
Chego a especular que o motivo para Deus nunca aparecer em carne para os homens
Seja a vergonha de ter errado tanto na fabricação
Afinal para enxergar e respeitar Deus, sendo ele tantas coisas, um ser tão híbrido e mutante...
O homem por ele criado tinha que ser totalmente refeito
E seria preciso destruir novamente toda uma produção para recomeçar
Haja paciência e investimento em uma obra que pode fracassar novamente
Uma vez que a evolução torna tudo devasado e inútil inclusive Deus...
Há muita falta de sentido em ser humano
Havia então sentido em ser Deus?
Deus sendo o mesmo que os homens seria então o quê?
Quantas possibilidades de corpos e almas existe para um único ser invisível?
O mais incoerente de todas as incoerências é que o homem diz que enxerga Deus
Mas não consegue ver com generosidade as almas presas em corpos reais
Por isso Deus será sempre uma irrealidade que ninguém verá
Agora entendo o termo "aceitar" a Deus
Deus colocou alguns experimentos aqui na Terra para treinar o homem
Mas "aceitar" parece não ser uma palavra que faça sentido
Logo Deus permanecerá como uma utopia de "aceitação"
Quanta possibilidade há em ser Deus
Quanta limitação há em ser homem
Mas tanto Deus quanto os homens estão à mercê de realidades
Ainda que a realidade seja incompatível com a natureza verdadeira dos homens
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