segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

PRESENTE DE ANIVERSÁRIO (CONTO)

| | 5 comentários

- Vira!
- Foi uma brincadeira, cara!
- E quem disse que eu não estou brincando, eu não pareço me me divertir? Cadê o sorriso rapazes? Vocês dois pareciam tão alegres! Tirem par ou ímpar pra ver quem começa a diversão? O que foi rapazes? Onde estão os corajosos machões? Tá bom... Então vamos fazer do meu jeito: une, dune, tê, salamê, minguê, o babaca escolhido foi... Você! Baixa as calças!
- Tá tirando onda?
APONTA A ARMA PARA A CABEÇA DELE.
- Não estou não! (BAIXA AS CALÇAS) Baixa logo a porra das calças! Pau pequeno, hein? Você deveria pensar muito bem antes de querer dar uma de hetero comedor... Com uma miniatura de pau dessa tá difícil fazer sucesso com as mulheres.(RI) Eu fico impressionado com vocês heteros não sabem apreciar uma boa piada! Eu não entendo como vocês não conseguem zombar de vocês mesmos quando se olham no espelho. Vamos ver se o nosso outro amigo tem mais humor... Chupa!
- Vai se fuder seu... (TIRO NO PÉ)
- Completa! Eu vou adorar dar um tipo bem na sua língua, seu cérebro de mosca! Tá gemendo? Pensei que homens de verdade não sentissem dor.
- Na boa, meu chegado... Vamos esquecer essa parada, mano?
- Olha só... Agora você é "mano" de viado? Como o medo muda as pessoas... Trogloditas viram mocinhas educadas.
- O que você quer pra deixar a gente ir embora?
- Vai depender do seu amigo... (PISA NO PÉ DO TIRO E APONTA A ARMA PARA A CABEÇA DELE) Quer ir embora? Te dou duas opções : bala na boca ou boca na pica.! Qual vai querer?(PAUSA) Isso rasteja até lá... Faz esse pauzinho crescer na sua boca porca, vai! Mostra que você sabe usá-la pra outra coisa que não seja ofender as pessoas. Viu só como não tem nada demais um homem chupar o outro? Não para! Eu digo quando estiver satisfeito. Ei, pinto de criança! Confessa que você sempre sonhou com isso, vai... Talvez não nestas circunstâncias, mas conta que você já bateu várias pensando na boca gostosa do teu mano, aí! Já chega! Ele tem cara de quem demora muito a gozar, seria preciso ficar horas aí chupando o pintinho dele e eu não sou tão cruel assim... O que ocorre é que vocês tiveram a infelicidade de serem as vozes que quebraram o cristal da minha tolerância. Pode não parecer rapazes, mas poucas são as coisas que me tiram realmente do sério, a questão é que vocês acertaram na ferida que nunca consegui sarar. (PAUSA) Uma coisa me consume por anos, desde quando eu era menino e nem sabia o que era o desejo. Todos já notavam a característica que abominam num homem, mesmo que ele ainda não tenha cosciência da sua condição "aberrante". Um dia , sem mais nem menos, meu pai me proibiu de brincar na rua, ouvi uma conversa entre ele e a minha mãe e descobri que todos comentavam: vai ser bichinha e não demora muito estará dando pra todo mundo! Passaram-se anos, e eu me tornei observador da liberdade, na condição de espectador via as crianças nas ruas a brincar... Eu não entendia que mal eu tinha feito para estar permanentemente de castigo. Mas para a infelicidade dos "homens" as coisas que não nos dão prazer também crescem! Os anos passaram, e em mim floresceu aquilo que era apenas um pequeno broto... Ninguém entendia que não se tratava de escolhas, foram necessárias muitas surras para que meu pai aceitasse o fato de nada poder fazer contra a minha natureza. Com as mãos e orgulho cansados, pendurou o cinto que tantas vezes me feriu as costas e se enforcou... Só a partir daí eu comecei a sair de casa, achava que lá fora poderia andar tranquilo... Não foi bem assim, tenho sentido todos esses anos as ruas me aprisionando, os olhares quando passo não conseguem disfarçar a repugnância... Foi preciso sair para descobrir que sou mais livre quando estou dentro de casa. Ao menos as paredes não podem gritar: Olha o viado! Não há um dia que eu não saía de casa sem ouvir isso, as rezas que faço nunca resolveram... Talvez Deus, lá de cima, também grite a mesma coisa! Quem sabe ele não use a boca dos outros para disseminar o seu preconceito. Eu sei que ninguém é obrigado a aceitar o que não é comum, mas o que não adimito, é que vocês preconceituosos, deixem o incômodo dos seus olhos chegar até mim. Hoje é o meu aniversário, e eu só queria andar tranquilo... Eu que gosto tanto de ver as árvores nas calçadas. Daí vem vocês e gritam: olha o viado! Aposto que se surpreenderam com este aqui, não foi? Não imaginavam que eu seria capaz de roubar um carro e pegar vocês onde estivessem... É que hoje é meu aniversário e eu me disse: Hoje não! Eu prometi pra mim: hoje eu estouro o cú daquele que me impedir de ser livre nas ruas. (PAUSA) O viado quer que os machos tirem a roupa! Tirem a roupa! (TIRO PARA CIMA) De quatro, anda! (TIROS)
leer más...

PRODUTO DA MEMÓRIA

| | 0 comentários

Sou o acúmulo de tudo o que vivo, uma junção de todas as histórias que a vida me proporcionou viver. No palco a vida fictícia, na vida os sentimentos que não consigo compreender.. Sou então como qualquer mulher, afinal, toda mulher é o produto da sua MEMÓRIA
leer más...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

...A DOR...

| | 0 comentários





Rebate a dor com a sutileza do teu sorriso



Lubrifica a dor para que entre sem tantos danos



Aplaca a dor que me precipita o grito



Engana a dor para que ela mude todos os seus planos



Ventila a dor e esfria o meu peito



Arrebata a dor que me faz revirar na cama



Liquidifica a dor que ainda está inteira



Enternece a dor com os versos que declama



Causa a dor sem medir o prejuízo



Vinga a dor que todo dia me ameaça



Media a dor entre mim e a esperança



Sofre a dor quem tem o coração de vidraça



Humaniza a dor que agora é invisível



Paralisa a dor para que eu possa te esquecer



Sensibiliza a dor dos seus prejuízos



Persegue a dor que não desistirá enquanto não me enlouquecer



Silencia a dor que tá incomodando os outros



Revela a dor que o segredo é pior



Desfibriliza a dor para que eu ressucite aos poucos



Embriaga a dor para que ela fique menor



Provoca a dor em quem merece senti-la



Transforma a dor em arma e me aniquila



Revitaliza a dor sempre quanto volta



Suaviza a dor temporariamente quando bate à minha porta



Computa a dor que tem deixado na minha vida



Ativa a dor que me deixa numa rua sem saída



Atira a dor no fundo o oceano



Modifica a dor pois lembra que sou humano



Catalisa a dor e transmuta a sua face



Amplifica a dor antes que o silêncio me mate



Unifica a dor e a partilha comigo



Apazigua a dor e lembra que no fundo sou apenas um menino



Purifica a dor para que ela entre no céu



Perfura a dor para que sangre e morra rapidamente




Embaça a dor que eu não quero vê-la à minha frente




Tranquiliza a dor e a faz entender que te perdeu


Ilumina a dor para que ela encontre o caminho



Perturba a dor e diz para ela me abandonar



Aterra a dor que me impede aceitar seguir sozinho




Enlouquece a dor para que me perca e não saiba mais voltar
leer más...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

QUERO SER COMERCIAL

| | 1 comentários


Eu quero ser comercial
Só não aceito me vender
Necessito ser casual, acidental
Mas não permito me arrepender
Ás vezes meu dou o direto de ser banal
E também de aparecer
Eu só não sei ser imoral
E na vaidade não me ver
Não me interessa a popularidade
Se acompanhar a mediocridade
Quero ser comercial
Fazendo poesia de verdade
Esse papo de que ser cool
Também não é pra tanto
A arte não pode ser privilégio de alguns
Muito menos um código indecifrável
Talvez por isso nossa arte esteja num naufrágio
Quero ser fácil na minha complicação
Quero ser comercial do meu jeito
Falar com emoção das coisas que tumultuam o meu peito
leer más...

CONTRAtempo!

| | 0 comentários


Tempo louco
Tempo oco
Tempo pouco
Pouco tempo é tempo morto
Perdido tempo
Tempo corrido
Tempo medido é engano
Tempo se vai
Pra nunca se achar
Tempo começa
Tempo acaba
Tempo nunca pára de contar
Tempo é vento
Célula é tempo
Tempo é areia
Tempo é descontentamento
Muito tempo
Tempo muito
Surdo tempo
Tempo curto
Pouco tempo
Tempo mudo
Temo o tempo
Pouco ou muito
Tempo é nada
movimento é tempo
Tempo é ruga herdada
Toda mágoa requer tempo
Tempo cansa
Tempo esfria
Tempo é saudade
Tempo é rebeldia
Passa o tempo
Tempo é fase
Todo tempo acaba
Por que todo tempo é frase
Todo instante sinto o tempo
Tempo é página queimada
Tempo é apressado
Tempo é a ida da estrada
Grito rouco
Berrar é tempo ferido
Tempo é moco
O tempo é pouco
Partir é tempo perdido
Tempo é moço
Tempo chegada
Tempo é velho
Tempo partida
Tempo é lento
Existe sem se ver
Tempo se perde
Para não se achar
Tempo é profecia
Nunca realizada
Muito tempo não existe
Pouco tempo é nada
Tempo é partida
Tempo é estação
Tempo é tempo
E contratempo da vida
Todo tempo é contramão
leer más...

PERFUME

| | 0 comentários




Quando o vento traz a lembrança
Avassala a dor que um dia existiu
Reativa o som de um instante que suspenso foi significante
É a imagem revelando as fotografias que não expomos mais em porta-retratos
Pois a memória suporta tudo
Menos a idéia de que o fim pode chegar
Menos a idéia de que o vento pode mudar
Então vem o ar e traz o perfume
Avassalador costume do tempo
De mostrar que o passado existe para se lembrar

O cheiro do mundo vivido arrebatou-me o pensamento
Cada amor um aroma, que com humor, retoma o cheiro que a dor arrebata
Arrebata a dor cada fragrância que me toma
O arrebatador olor que me leva contigo é o tiro que me mata


Perfume de ciúme, de carência e decepção
O amor é tempo e costume
A vida é feita de momentos, de perfumes que adormecidos estão
O perfume ouve do vento a canção e dança suspenso sem destino
Um tempo depois é redescoberto e tudo a gente esquece...
Reencontra todo o amor com o mesmo desatino
A pele guarda a história, o acúmulo de todos os abraços..
A essência de todos os beijos...
O cheiro de todos os encontros deixados para trás

Perfume mede a dor de um instante vivido
É o equilíbrio entre o que se foi e o que restou
Mediador de conflitos e ressentimentos
A dor mede se foi valoroso o que para trás ficou

Perfume é costume, é desejo, felicidade
O beijo também é perfume de paixão e saudade
Há aromas que dão sentido a tristeza
Alguns perfumes são volúpia e frescor
Perfume é desengano, é medo que passou
A vida é feita de essências
Todo amor é perfume
Todo perfume é costume
Todo perfume é amor
leer más...

TIRO PELA CULÁTRA

| | 0 comentários




Atirei em mim para acertar a você
E acertei em você matando a nós dois
O que resta na mão é peso
Morre o corpo mas sobrevive o desejo

Eu não consegui acabar com a vida
A que construímos a sós
Pois existe uma dimensão
Construída a partir dos lençóis
Onde amamos intensamente sem medo da dor

Suspensão dos amantes
Que os instantes eterniza e nenhum sangue pode manchar
O amor...
Única fagulha que penetra a carne e sangra depois que cicatriza
Doença nunca removida...
O amor é ferida que se fecha mas nunca deixa de sangrar
leer más...
Contador de visitas

Seguir

Inscreva-se

Coloque seu email aqui e receba as postagens desse blog:

Você vai receber um e-mail de confirmação

Nº de visitas

Contador de visitas
 
 

Diseñado por: Compartidísimo
Con imágenes de: Scrappingmar©

 
Ir Arriba