sábado, 21 de novembro de 2009

CÂMERA DIGITAL

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Guardava na minha câmera imagens que na verdade eram esperanças.
Armazenei sem nunca despejar
Ia apagando umas que já não faziam sentido
É preciso manter as que desejei serem reais
Tinha medo que elas deixassem de ser minhas
Mas percebo que a vida é como fotografias armazenadas num CD
Muitas fotos reproduzem o olhar de um momento
Talvez um momento invertido
Sem sentido para a minha insensibilidade presente
Hoje estou a esvaziar o acúmulo de imagens
Toda máquina tem um limite
E toda memória sua capacidade de suportar
Despejo imagens que me impedem o pranto
Apesar de ainda inquietarem os olhos do desejo
Preciso prendê-las num disco e guardar no arquivo de imagens do passado
Queria ser como uma câmera digital: pratica e eficaz.
Mas ainda sou analógico e crônico.
Preciso tirar fotografias precisas para não desperdiçar o meu filme
Qualquer erro destrói uma imagem que não pode ser recuperada
Revelar requer cuidado... Isso não existe mais
Não exponha o meu rosto nos teus álbuns virtuais
Não me interessa nada que não tenha a relevância da vida
Quero ficar preso numa mídia... Queimado para sempre e enfileirado na sua coleção
Ser como mais uma imagem sem tanta importância
Destas que talvez não tenham feito sentido nem no passado...
Apenas mais um clique breve e desfocado
Só mais uma imagem digital como tantas outras sem profundidade.

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