quinta-feira, 23 de setembro de 2010

PEQUENO-GRANDE-PRÍNCIPE

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Eu não tenho conseguido entrar na cidade dos sonhos
Deve ser o peso que o meu coração acumulou que me impede de flutuar como antes
Viver sem aquele universo fantástico, onde as criaturas são perfeitas mesmo diante de todo o paradoxo que a imaginação impõe a elas, é cruel para este menino-gente que gostaria de habitar na dimensão mais profunda do inconsciente
Neste tempo em que permaneci preso aqui na realidade
Descobri que aqui fora existem criaturas que fugiram da cidade dos sonhos para se esconder...
Achando que a fuga elimina aquilo que não é do jeito que deveria ser...
Numa dessas noites em que fujo de casa para buscar aventuras, deparei-me com o "Pequeno-príncipe" de Exupéry...
Ele estava do lado de cá...
Aqui, fora da cidade dos sonhos, ele havera crescido
Estava grande, tinha os mesmos olhos ingênuos, sorriso doce e cabelos marcantes que faz sobressaltar o olhar...
O estranho é que ele não era mais um menino, mas o seu mundo permanecia pequeno
A rosa estava lá, com os espinhos que criou para se defender...
E ele ainda a amava, era a única coisa com quem não se incomodava em dividir o espaço que cada vez ficava menor
Mas a rosa agora tinha uma beleza abafada
Se um dia foi vaidade e orgulho, agora era apenas uma modesta e tímida espécie
Parecia que ele não a regava como antes, para que ela se sentisse bonita, confiante, plena...
Observando de perto me parecia que os dois dividiam um pequeno planeta de medo
Que não cresceu para não reencontrar dores que chegam com a amplidão de tudo
O tempo passou para ele e parece que ninguém o cativa ainda hoje
Por mais que continue indo de planeta em planeta
Que esteja sempre disponível ao encontro com desejos que nascem de outros
Que cruze com pessoas, suas histórias, suas verdades
Ele sempre as abandona antes que o tempo as torne realmente importantes, indissociáveis
Eu tentei cativá-lo, mas ele não aceita mais a bondade, o amor, a entrega
Ele já está acostumado com a ausência que criou para si...
Eu me pergunto o que será dele dentro de mais alguns anos...
Ele continuará crescendo... Mas e o seu mundo? E a sua flor?
Desejei levá-lo comigo numa dessas minhas idas à cidade dos sonhos
Quem sabe retornando onde ele se esqueceu tudo fosse reinventado e novo
E ele pudesse enxergar naqueles a quem ele cativa e que não se permite cativar
Uma oportunidade de criar um planeta do tamanho das suas necessidades
Que não são tão extravagantes assim... Estão nas coisas simples.
Mas só é possível ir nessa viagem quando se tem o coração preparado verdadeiramente
É uma questão de acreditar...
Eu acho que aquele Pequeno-Grande-Príncipe não quer acreditar
Uma pena, é uma das mais belas histórias que eu já conheci.

................................................................................
O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry

"(...) - Que quer dizer “cativar”?
- Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
- Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer “cativar”?
- Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas?
- Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços...”
- Criar laços?
- Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
- Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor... eu creio que ela me cativou...
- É possível, disse a raposa. Vê-se tanta coisa na Terra.(...)"


Antoine de Saint-Exupéry via os adultos como pessoas incapazes de entender o sentido da vida, pois haviam deixado de ser as crianças que um dia foram. Entendia que é difícil para os adultos (os quais considerava seres estranhos) compreender toda a sabedoria de uma criança.

Passagens extraídas do blog "The Great Round Wonder"
http://thegreatroundwonder.blogspot.com/2010/06/antoine-de-saint-exupery-1900-1944.html

2 comentários:

  1. Realmente você se mostra muito aqui em seu blog, aqui em seus escritos! Mas sobre isso você nos alertou! Encontro aqui, inclusive somando o trecho fantástico do livro "O pequeno príncipe",que sua reinvenção é apenas por fora... o ser de "babel" sente muito ainda o coração pulsar... O sentir está latente ou está ativo (maquiado de desinteressado)?
    Cafajeste? Que nada!

    Assinado: André B.

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  2. Eu realmente não sei o que responder... rsrsr

    ResponderExcluir

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