segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Os fantasmas que criei...

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Eu tenho criado fantasmas, sei disso por sentir os calafrios ininterruptos que me vem ao corpo enquanto escrevo este desabafo. Eu tenho sido inundado por projeções que acontecem o tempo todo... Como é ruim ser o único a ver uma realidade paralela, partilhar cenas e sensações que só reverberam em meus sentidos.

Havia um tempo eu não era surpreendido por estes serem que surgem e não me deixam transitar pela rua solitário, pois, sinto como se estivesse sendo visto e monitorado o tempo todo por dentro. Penso até muitas vezes que os meus pensamentos não são criação minha, mas de uma invasão silenciosa que nos amplia a falsa idéia de que o existe por dentro é verdadeiramente meu. É possível que o que eu tenha seja uma esquisofrenia súbita, e essas projeções sejam nada mais do que eu jogando no tempo e no espaço aquilo que o meu inconsciente tem frustrado todos os dias. Isso explicaria o fato dos meus fantasmas terem a mesma face, o mesmo tamanho, o mesmo sorriso enigmático que sugere vários significados e emoções.

Essa sensação de que existe uma energia preponderante no ar sobrepondo a minha, a cabeça com um peso que só pode ser por acumulo de palavras ocultadas para que os fantasmas não tenham acesso a minha fortaleza maior, a alma... Essa vontade de chorar escondido que em cólicas dá e passa demonstram a existência destes fantasmas que criei. Eles me atacam quando estou sozinho e me comandam a fazer coisas que antes eu hesitaria para não demonstrar quem sou. Eles tem me obrigado a expor tudo aquilo que noutros tempo me faziam imbatível, tudo aquilo que antes era tão majestoso quanto o meu silêncio.

Eu começo a mudar de pensamento agora e talvez sejam eles que estão fazendo isso comigo... Neste momento começo a pensar se não seria eu uma criação destes fantasmas... Não sei mais o que pensar, não sei mais o que sentir. Sei que neste momento estou transbordando de questionamentos que provavelmente serão mais frustrações acumuladas em minha cabeça, o que fará com que ela fique mais cheia e pesada e consequentemente mais fantasmas com o mesmo rosto e sorriso enigmático serão criados por mim. Acho que não conseguirei dormir mais uma vez, pois imagens que não existiram e talvez nunca venham a existir tornarão a brotar involuntariamente enquanto eu tento apagar...

Eu já tentei me aproximar dos fantasmas, mas eles vão sempre se dissolvendo em minhas mãos... Quanto mais tento chegar perto mais incompreensível vai ficando a face que vejo em todos os rostos projetados. Eu já tentei falar, de repente, eles precisassem apenas de alguém para com quem pudessem ter uma libertação maior, mas o silêncio que sai dos meus fantasmas é estridente e atormentador.

Ainda sinto o aperto no peito, por mais que eu escreva isso não está sendo eficaz para desatar o nó desta corda que parece que contrai o meu coração, nem tão eficaz a ponto de impulsionarem as lágrimas a esvaziarem o afogamento que me matou. É assim que me sinto, morto, como a frustração de uma vida que poderia ser suavemente partilhada. Viram só como esses fantasmas que criei me atromentam? Agora fico eu aqui escondido por debaixo de metáforas que não podem gritar claramente aquilo que gostaria que todo mundo soubesse, ou ao menos que a projeção maior, aquela que deu origem a todos os rostos iguais nas ruas, nos cantos da minha casa, no fundo do meu inconsciente... Ao menos essa projeção dos meus desejos soubesse claramente que eu tinha outros planos para as minhas ilusões. O mundo imaginário criado para nós dois não me assombrava, pois era um mundo feito sob medida para que tudo fosse possível e eterno... Dentro das possibilidades que a eternidade nos permite. Eu queria ser cru e cruel nos meus devaneios de amor, queria que pudesse enxergar que por dentro eu estou inundado de vermelho... E esse vermelho que me reveste por dentro e que seguro como um vômito ansioso retrata a intensidade de tudo aquilo que as suas barreiras estão fechando em mim.

Estou num estado que pequenas coisas podem dia após dia eliminar os fantasmas que estou criando para mim... Só dependo de você para que a loucura me abandone, que a esquisofrenia que se precipita faça desaparecer todos os cenários que construo para me manter longe... Hoje apenas um simples abraço teria me mantido vivo... Apenas um abraço me faria dormir sem fantasmas.


DIA 23 de AGOSTO de 2010 às

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