Onde está a sabedoria?
Está em saber silenciosamente o que há no silêncio dos outros?
Por sermos conhecedores das necessidades mudas comuns a todos os homens?
Em apenas omitir o que sabemos não nos enganar?
Ou deixar sairem os demônios das coisas reveladas em silêncio?
Mais tranquilo seria, então, sempre seguir sem que nunca saibam que sabemos tanto?
Se bem soubessemos teríamos medo de ficar a sós... De cometer desrespeitos à sentimentos ausentes, achando que estamos anônimos no nosso delito.
Afinal, um roubo feito em silêncio deixa de inexistir?
Ainda que o ladrão pense estar sozinho e carregue consigo a sensação de vitória
Ele foi visto por si... Seus atos nunca estarão livres da condenação
O crime deixa de ser menos crime quando ele não é consumado?
A premeditação é um crime ainda mais grave?
Quando premeditação e crime acontecem em silêncio deveriam agregar à pena uma carga ainda maior
Pois muitas pessoas que acreditam na verdade e se entregam de olhos fechados, estão sendo lesadas de forma muda pela covarde condição humana
Essa que não respeita a ausência de nada e não sabe preservar pactos sinceros de moral e de lealdade.
Então...
Para viver em paz temos que abrir mão da guerra, através da anulação do que nos chega como verdade?
Ou seria preciso buscar a paz no confronto daquilo que sabemos e não deveria calar?
Abstrações? Talvez...
Tudo é enfim uma abstração, até a realidade.
Sem abstrair, o acúmulo nos levaria a atos hediondos
Eu só sei que tenho pensado muito sobre o silêncio... E a dissimulação do silêncioNecessário? Imprescindível? Ou seria, talvez, inútil abraçá-lo?
A cabeça sabe verdades que se revestem de silêncio para não retirar a paz conquistada com muito esforço
Diariamente se reconstrói a paz... Essa que é tão frágil e qualquer brisa faz rachar.
Mas até o silêncio precisa de paz, para não ferir com a sua explosão, o que ninguém domina
Um conselho para os que, assim como eu, ainda não sabem qual o melhor destino para as coisas que sabem em silêncio...
Tudo chega a nós... Ainda que pensemos estar num deserto, isolado, onde nem Deus possa ver os nossos pecados...
Ainda assim tudo chega... E tudo se acumula nesse grande baú silencioso de coisas que sabemos
Nenhum segredo está seguro, ainda que num mundo de virtualidades
Não há crime que fique sem punições... A vida é feita de perdas e privações que muitas vezes não entendemos porque a merecemos...
Não entendemos porque não contabilizamos como crimes o que fazemos a "sós"
Logo todas as traições serão reveladas, as maldades surgirão como milagres, os fétidos desejos carnais terão os lençóis puxados, independente da dimensão em que imaginemos ocultá-las
O silêncio é uma camada que reveste o sensível de nós
E quem o domina, nunca se deixará enganar...
Pensa que nos engana o enganador...
Os nossos olhos é que estão em sigilo... Numa invisibilidade que não saberão localizar
E nada haverá preso no "sigilo" da intimidade que eles não possam revelar.
Nunca estamos a sós no silêncio...
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