sexta-feira, 13 de maio de 2011

AS NOSSAS PAIXÕES NÃO CALAM!

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Escuta...
Tudo o que falo agora, talvez, não seja tão compreensível
Porque falo dentro de mim
Não sei como costumam escutar os sons que estão em outras cabeças
Talvez vocês nem cheguem a saber que eu pensava em voz alta aqui dentro neste momento



Neste momento não, porque este tempo que escrevo já passou
E o tempo que vocês escutam o que digo é outro
Ou talvez nem cheguem a estas transposições dos meus devaneios
porque eu posso ter morrido pedalando apressado


Na tentativa de encontrar um lugar seguro para guardar os meus pensamento
Mas se vocês estiverem me acompanhando agora
é porque ainda não morri...

Ao menos no sentido literal
Pois de tempos em tempos se morre para ratificar a vida
Para saber que ainda se vive


O que era mesmo que eu queria dizer, antes desses primeiros textos se infiltrassem na conversa que eu estava tendo em particular comigo mesmo?
As minhas sandices são tão imprevisíveis, frutíferas em terrenos tão estranhos
Quando a inspiração anda sobre duas rodas é angustiante
Parece que o vento impõe o seu peso sobre nós
E o chão nos agarra com mãos fortes
Ainda mais rijas que os nossos desejos de eternidade


Até as árvores se multiplicam para alongar o caminho
O que antes era prazer cede à vontade louca de se lançar sobre tudo
para encurtar a distância entre o pensamento e o papel
Me perdi de novo da minha primeira necessidade de falar...
Ah, lembrei! É que eu falo tanto por dentro que me perco entre as nuances das palavras
Entre os graves e agudos, os gritos e sussuros


Falo demais... Logo eu que sou averso a "verborragia"
Que para mim é um sangramento desnecessário da palavra
Eu não sei como me suporto... Na verdade eu me tolero
Eu apenas respeito a minha opinião como a de qualquer estranho
Confesso que eu tenho que roer as unhas das minhas ideias todo dia
Para não ferir a minha pele com elas
Seria como se eu precisasse cortar o cabelo, todo dia, para não sufocar com as voltas que ele dá no entorno da minha cabeça


Desculpa... Que loucura é ter inspiração em movimento
Assim também vai saindo a coerência... Apressado segue o raciocínio
Enquanto sigo, travo uma disputa entre a vontade de pensar e de não pensar mais nada
Tudo para não esquecer o que já pensei
Tentando não levar nenhum susto que espante o que acumulo em viagem
Assim vou repetindo com cautela, tentando manter original o primeiro impulso criativo
É difícil pensar na virgindade do pensamento
Seria menos hipócrita pensar na violação diária dele, afinal, todo mundo o violenta
E é violentado por ele o tempo todo.

Uns de forma mais profunda

Outros nem sentem a sua perfuração


Vou repetindo até registrar... Não sei do que vale registrar o que penso
Mas como ainda preservo uma certa generosidade para comigo, cedo à essa vontade incontrolável
A esse vício tão desprezível quanto qualquer outro
Mesmo não sendo nada disso que eu queria dizer no instante em que comecei a falar para dentro, sobre a bicicleta
Na verdade eu só queria dizer:
-Escuta... As nossas paixões não calam... Os nossos pensamentos aprenderam a falar.















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