Tenho dois olhos que não dão conta das tantas visões
São tantas as percepções fora que projeto para dentro
E por dentro o que só encontra eco fora de mim
Precisaria de muitos outros olhos para focar
O que em movimento corre apressadamente diante do retina
A íris se espreme no meio dessa rodovia insaciável de fluxo
Que há nas paralelas do meu olhar
Esquilibrando-se numa linha tênue de segurança
Dividindo as vias que de uma lado vão para o exterior
E outra para o interior das minhas sensações mais estranhas
Há muito estranhamento em tudo o que vejo, em tudo o que penso...
E o que sinto por si já é a estranheza "mater" do cotidiano
Se os olhos são essa tal janela que abertos dão acesso à alma
Precisaria eu então de outras almas
Algumas mais para deixar entrar com dignidade o ar e a luz de tudo o que me sopra
Tenho jogado muita coisa fora por falta de espaço
Muitas reflexões são rebatidas...
Às vezes dou com a janela na cara de tantas coisas que me chegam com generosidade
Despretensiosas verdades que só queriam um pequeno desvio de olhar livre dos julgamentos
O nosso destino, enfim, é a conformidade com o pouco que se pode desejar de tudo
Poucos olhos... Pouca alma... Um pouco de tempo e se acaba o pouco de tudo que nos torna muito do nada.
0 comentários:
Postar um comentário