O tempo
O espaço
Dois corpos
A relatividade...
Trinta minutos podem ser o suficiente para a liberdade
Ou para o encarceramento
Da mente
Dos desejos...
Mas o teu beijo cura
E ganho meia hora para regar saudades
Para florescer certezas
Dissolver medos...
Em apenas trinta minutos é possível sair da ideia para o ideal
Do cotidiano para o transcendental
Romper dogmas e toda falsa moral
O tempo derrete
O espaço é suspenso
A relatividade se materializa no beijo
E tudo se amplia
Minutos fazem esquecer a ausência de dias
Eu viro surrealista poesia
Que teu instinto consegue ler...
O abraço encaixado retira a corda das horas
O tempo fica mais bonito e doce
Mesmo quando não se demora...
O meu espaço íntimo se enche de movimento
E eu perco a noção do que mudou por dentro
Porque sentimento também se relativiza...
Cria significante e significado onde antes não se via
Sinto que a sua passagem por minha vida é brisa quente...
Que derrete os relógios e barreiras do consciente
E me empurra para a minha zona indefesa
Eu sei... O tempo está agora derramado sobre a mesa
Deixe ele escorrer para onde puder
Só peço que nos reserve trinta minutos a cada aproximação dessas nossas vidas desencontradas...
Para muitos meia hora não serve para nada...
Para nós serve para tudo...
Estagna o tempo e o espaço desaparece
Derrubam-se os muros
Por algum tempo a gente esquece
Que fora de nós existe um mundo
E dá vontade de não sair
De não retornar ao real
De ser refugiado dessa experiência atemporal
Morar como estrangeiros na relatividade desse encontro especial
Que nos permite ser inteiros
Sem que tenhamos que seguir a ditadura dos ponteiros
(Ewertton Nunes)